quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

UM SONHO PARA 2010


Tenho que escrever, faz dias que estou com várias coisas perambulando pela minha cabeça, mas está difícil. Férias(?), viagens, pessoas, compromissos sociais que não acabam. Porém isso não faz com que minha cabeça pare, muito pelo contrário. Vejo muita coisa, sinto mais ainda, e a cada dia percebo mais que não adianta, fudeu!
Neste momento estou no Rio, tendo que me habituar com o novo Word que instalaram no meu pc. Tudo diferente, até demorei mais para escrever porque precisei aprender, mas fazer o quê? Na verdade essa é a pergunta que mais faço ultimamente: fazer o quê?
Aqui no Rio temos o choque de ordem, com esse nome mesmo. Em Curitiba também, mas sem nome, apenas uma onda de Leis e de conformidade que me deixaram indignada, mas fazer o quê? Posso apenas me habituar. Essa é a geração dos babacas, tudo é aceito em nome da paz. E é assim que a paz funciona, alguém dita as regras e nós obedecemos, porque não há como ir contra, se acontece uma manifestação tem que ser pacífica, bundona mesmo. Caso aconteça o contrário, como foi o caso do Coxa, o mundo irá dar uma resposta, que irá te derrotar.

Que 2010 a Paz dê lugar a luta! Pois isso não é paz real, e sim apenas uma conformidade medrosa. Ah, mas é tudo para sua segurança!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

CIDADES

Não adianta fugir e se esconder no meio do mato, pois as árvores não vão quebrar o galho de ninguém. Mas nem por isso fiquem pensando que isso que vocês fizeram com suas cidades é uma coisa normal. Elas são o mundo cão onde a maioria está num mato sem cachorro. Vocês que, com seu egoísmo e suas boas intenções, fizeram de seus habitats um amontoado de gente sozinha, sem pai nem mãe, império do salve-se quem puder. E, pior, cada um por si e Deus contra, como disse o Alberto Centurião.
Nas suas cidades vocês têm todas as desvantagens da falta de espaço natural mas, apesar do empurra-empurra, não aprenderam a desfrutar das vantagens de uma vida amorosa, feliz e solidária. O vizinho pode morrer seco e arreganhado; o irmão, com as mãos à feição de conchas, pode beber água da sarjeta; assim mesmo, vocês não hão de desgrudar o traseiro individualista nem para buscar pão para a mãe querida.
Mas quem são vocês? Originais de onde? Babilônia é sua terra natal? Tudo tem que dar certo? Tudo tem que dar lucro? Tudo tem que ter um preço? De quem vocês estão se defendendo? A quem você atacam?
Ainda bem que existe um outro coração por trás dessas cidades, e, somente ele, por atrito benevolente, vai extrair, de vocês, hoje pedras brutas, o brilho do sol da nova aurora humana. Que assim seja, Mautner!

Antonio Thadeu Wojciechowski e Roberto Prado

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A CULPA É DO GOVERNO

É tudo culpa do governo. Sempre. Não interessa se outros cometeram o erro. Mesmo se toda uma população está envolvida, será culpa do governo. Os marginais coxa branca invadiram o estádio? Poxa, tinha que ter mais policiais. Já imaginaram se realmente o Couto estivesse cercado de PM? O número de inocentes que agora estariam feridos. Ou você acha que a presença da polícia intimidaria? Seria uma guerra maior ainda. Quem sabe colocando um PM para cada cidadão. Perfeito. O admirável mundo novo.

Faltou luz. Blecaute. Meu Deus, que absurdo. Não se pode viver sem luz. Somos dependentes da novela das 20hrs. Ah, mas e as criancinhas que estavam na incubadora? Ué, cadê os geradores? Alguém usou o dinheiro para outros propósitos. E outras mil outras coisas que acontecem pela falta de energia, não estamos preparados para qualquer tipo de surpresa. Culpa do governo.

Tem enchente, caiu barranco, assalto, buraco, falta ou uso incorreto de capital, fome, analfabetismo, obesidade, anorexia, homicídios, estupidez. Tudo culpa do governo. As empresas podem fazer o que querem sem nenhuma responsabilidade social (a não ser a da propaganda). Mas a culpa é do governo. Se o dinheiro rola pelas mãos de tão poucos, é claro que a culpa é do governo. E tente mudar isso. Será culpa do governo.

sábado, 5 de dezembro de 2009

TODA AÇÃO TEM UMA REAÇÃO?

Há quanto tempo a internet está presente no nosso dia a dia? Para alguns faz uns 15, 20 anos, mas esses não são muitos. Para a grande maioria da população virtual, faz 10,12 anos. E claro que deve ter os mais atrasados. Tem pessoas que ainda nem descobriram este mundo, que atualmente é praticamente essencial. Como viver sem todas as informações e localizações do google? Ou sem ler os emails? Menssenger, orkut, blogs e o mais novo twiter?

Tudo e todos estão na rede. É possível se comunicar até com os ídolos, aqueles inatingíveis das revistas de fofocas. Ou com os maiores pensadores contemporâneos. É só mandar um email, ou um post. Claro que isso já era possível antes da nova onda, mas através de cartas, que demoravam a chegar e a serem respondidas. As vezes nem mesmo eram colocadas no correio. Apenas escritas. Agora é mais fácil, é só postar.

Isso é bom? É. Isso é ruim? Também. O imaginário as vezes é mais salutar. Sonhar com o impossível tem lá suas vantagens. E com a internet os sonhos são possíveis. E quando se transformam em realidade, essa não é assim tão graciosa, esplendorosa. Na verdade a contemporaneidade tem esse defeito/virtude. Tudo é possível. Você pode ser tudo, fazer tudo. Mas na verdade isso não passa de propaganda enganosa, já que nem fumar mais é permitido. Fazer piadas de papagaios e afins também podem ser condenado pelo IBAMA. E quanto a se comunicar com um personagem, poderá descobrir que ele não é assim...daquele jeito que você imaginou.

E outra, quando colocamos nossos pensamentos ou história na rede ou num livro, ou em qualquer mídia existente, há a grande possibilidade de ser lido, visto. E com isso ser interpretado de maneiras diferentes, as vezes impensáveis ou indesejáveis. O conceito pode ser criado a partir de várias fontes, entre elas a auto história. Mas também pode-se ir pela onda e repetir. Em contrapartida tem tanta coisa no mundo virtual, que há textos que nem lidos são. Até expressam ação, mas não há a reação, pois nem visto foi.

sábado, 28 de novembro de 2009

Johnny e os Anjos

Acabei de ler o livro “Meu nome não é Johnny” (Guilherme Fiuza). Bacaninha, uma história de drogas, loucuras e sorte. Até na tragédia o cara se deu bem. Curtiu todas, permeou pelas noites rock roll das décadas de 80 e 90 no melhor estilo carpe diem. Enfim, foi flagrado por seus atos. E a punição: foi uma benção.
Teve a sorte de nascer numa família em ascensão, que saiu do aluguel para casa própria no melhor estilo. Passou a adolescência nas praias da zona sul. Curtiu a comunidade alternativa nos auges dos 20 anos. Não perdeu tempo em burrocracias e carteiras acadêmicas, foi direto ao topo sem sentir o peso do tempo. Um jovem sem limites e com um anjo da guarda, que apesar de ter muito trabalho, deu conta do recado. Vários de nós temos esses anjos da guarda, gostaria de saber o que faz um ser ter esse privilégio e outros não.
Uma constatação, claro que não fiz pesquisa pra isso, algumas pessoas passam pela vida e se dão bem. Sempre que tudo parece que vai desmoronar, aparece uma luz no fim do túnel, uma janelinha que se transforma na Porta da Esperança. Por mais errado e inconsequente que suas ações poderiam ser, no final, tudo deu certo. Como? Não sei. Só pode ser o anjo da guarda.
Em contrapartida há os que só se ferram. No livro mesmo tem um coitado que pega 8 anos de prisão porque estava na hora e lugar errados. Ele vai comprar um baseado e é pego em flagrante com um mega traficante. Muito azar. Pai de família vê sua vida se esvair, e com isso fica louco. Quem não ficaria? O que acontece com os anjos da guarda dessas pessoas? Será que isso é uma resposta para algum tipo de perversidade? Porque olha só, a história desse cara eu não sei, o livro só diz que ele é pai de família, sua profissão e que fumava uns baseados, mas não comenta sua índole, a não ser seu comportamento dentro da prisão. Já o João (seu nome não é Johnny) é um gente boa, mas ingênuo e está sempre na hora certa, no lugar certo e sempre aparece a pessoa certa. Pelo livro é uma pessoa com um bom coração e com sede de emoções. E como as emoções não são assim muito frequentes de forma simples, ele apela para sua criação. Apenas isso.
E ele gosta destas fortes experiências. Até porque viver 10 anos a 1000 e de repente mudar para 1000 anos a 10 não é fácil. É necessário algo maior para fazer a transferência: uma interferência divina, só assim para haver essa troca de conceito de vida. E não adianta dizer que esses 10 anos não serviram pra nada, isso só é escutado depois do 11° ano.
Bem, no final das contas, João é pego pelo tráfico de drogas pela Polícia Federal, mas em vez de ele se ferrar, como qualquer ser desprovido de beldades angelicais, ele passa por mais uma aventura, desta vez careta, logo percebe melhor os perigos. Mas na verdade ele se dá bem, pois consegue com a ajuda de seres que aparecem na estrada da sua vida e muda seu rumo antes que seja tarde demais.
E assim como num conto de Fadas: Todos são felizes para sempre. Porra, além de dar tudo certo pro cara, ele virou uma celebridade. Com direito a filme super produção, livro e tal. Ah, fala sério!
O livro é escrito corretamente, gostei até do fato de explorar a criação de personagens pela mídia. Johnny nunca existiu. E isso é apenas um exemplo. Já pensou em todas as estórias criadas a partir de histórias? Não são poucas, aliás, acredito que todas, já que os jornalistas sempre terão um ponto de vista próprio e logo estão dando o próprio olhar quanto a um fato. Todas as notícias são irreais. O próprio livro é apenas parte de relatos de algumas pessoas que presenciaram, viram e sentiram de maneira pessoal (o cara vivia doidão, quanta coisa você acha que ele lembra?) Absurdo? Pense bem. O que você vê é diferente, nunca é a mesma coisa que o outro. Ou você pode ver isso de maneira diferente da minha.
Não gostei muito das citações musicais, achei meio fraco. Poderia ter explorado mais. Mas deve ser esse o ambiente sonoro que o personagem descreveu.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

TETRA PAK E O LEITE DE CAIXINHA

Não tem muito como escapar, a Discovery Kids invade nossa casa quando temos uma criança pequena. Sabe aquele canal em que passamos reto enquanto não somos mães? Pois é, atualmente já sei de cor a programação e as músicas fazem parte do meu repertório.
O canal não é de todo mau. Alguns desenhos são até interessantes e acho bom ter algo que distraia minha pequena. Mas tem algumas coisas que me deixam com um pé atrás. No texto anterior citei a música: “diferentes mas com o mesmo coração”,
porém tem mais algumas coisas que são, no mínimo, tendenciosas. Além de ter muito comercial. Poxa, é um canal pago, direcionado à crianças com idade de 0 a 6 anos (acho que os mais grandinhos já se interessam por canais como nickelodeon ou cartoon) que estão formando o caráter, então é no mínimo canalhice empurrar esse comércio à elas. É empurrar mesmo, enfiar goela abaixo. Compre ou você será infeliz. Ainda bem que estou presente e posso explicar tudo que se passa, estar próxima para que minha filha não seja mais uma subordinada televisiva.
Mas tá, sabem outra propaganda que me deixa abismada, a do Tetra Pak. O tal do Doki (um cachorro que faz as vezes de apresentador do canal) diz que quer ter uma vaca em casa para que nunca falte leite. E aparece uma vaca que fala (a vaca fala, é um desenho) para ele não beber leite sem ser de caixinha. Pois precisa passar pelo processo de esterilização antes. Tudo bem eles quererem puxar pro lado deles, mas dizer que não pode é outra coisa. Sei lá, digam que é mais gostoso o leite de caixinha, até mesmo mais seguro. (Tudo isso é mentira, mas é menos ridículo do que dizer: não pode)
Beber leite sem ser de caixinha é natural. Mas a nossa sociedade, graças as grandes indústrias, defende a ecologia mas passa longe do que não seja industrializado, esterilizado. A empresa usa o mote: "Sem perceber, você transforma o mundo com a Tetra Pak" e defende a reciclagem, mas em contrapartida faz com que seu filho cresça com medo do que vem da terra, da natureza.
Será que os marketeiros desta empresa não têm noção do que fazem? Acho que têm. Tomara que paguem por isso de alguma maneira. A mãe natureza não deixará isso barato.
Outra coisa, os leites de caixinha são esterilizados, os de saquinho tem muito mais nutrientes, porém estragam mais facilmente. Logo não se pode comprar para deixar estocado em casa, mas pela sua vitamina vale a pena ir ao mercado ou na padaria diariamente. Mas isso não é cômodo. Agora, se você pode ter uma vaca, melhor. Lembro quando ia para a casa da minha vó e tomava o leite direto da vaca, sem ferver (acho que isso pode não ser muito aceito atualmente), mas geralmente minha tia fervia em um balde. Nunca passei mal por isso. Era uma delícia, aquele leite com gosto de leite e não aguado como os de hoje. Preciso levar minha filha lá para experimentar essas maravilhas que nos centros urbanos parecem aberrações.
(O canal também tem coisa boa, mas falarei desse outro aspecto em outro texto).

sábado, 21 de novembro de 2009

Somos diferentes, mas com o mesmo coração

Já ouviram a música de campanha da Discovery Kids(canal infantil)? Somos diferentes mas com o mesmo coração? Pois é, achei absurdo. Então podemos ser diferentes desde que sejamos iguais?
É incrível como conseguem fazer uma manipulação tão facista de uma maneira tão engraçadinha, inocente.
É comum escutar: temos que aceitar o diferente; ser diferente é normal. Mas em contrapartida, quando alguém faz algo diferente é julgado e condenado, sem direito a fiança.
Não digo o “diferente normal”. Esses que vemos nos adolescentes rebeldes. Isso é clichê. Mas questionar as condutas ditadas por especialistas que dão entrevistas nos telejornais, por exemplo. Tente por exemplo dizer por aí que você é contra o óleo vegetal e prefere cozinhar com banha de porco? - Nossa, você quer matar sua família de colesterol? É, isso é ser diferente. Ou tente debater assuntos tabus; como por exemplo o aborto. Ou se é a favor – e aí você é um criminoso; ou se é contra – aí é contra o feminismo. É 8 ou 80. Ou se está certo ou errado. Ou é bom ou é mau.
Interessante, né?
A realidade é mais do que duas opções, ela é ampla. E outra coisa, o diferente é diferente. E não falo de cor, raça. Mas quem sabe de credo, idéias, gostos, de bons e maus. Esse diferente também não precisa ser aceito, como não precisa ser repudiado. Com a diferença se aprende, mesmo que sem aceitação.
O que a DK tenta fazer é impor de todas a maneiras o american way of life. Já fizeram isso, eu sei, mas agora é desde o berço e com uma mensagem que se você não prestar atenção, vai achar socialmente correta (existe algo socialmente correto? o que é certo pra uns é errado pra outros). Até parece que o objetivo é instaurar o Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley - 1932) sem soma e sem nada, no seco. Pior que a massa achará isso o máximo. Bem, eu prefiro ser exilada!

sábado, 17 de outubro de 2009

ASSEPSIA DE GENTE

Eita época mais escrota que estamos vivendo. Além dos grandes desperdícios, também temos que aturar essa assepsia fascista. Tudo em nome da moral, dos bons costumes e da higiene. Guerra contra as bactérias e vírus em geral. Será? Moral? Bons costumes? Higiene?
O discurso é lindo. Aliás, toda essa nossa geração escrava vive de discursos publicitários repetidos tantas vezes, que claro, já se transformaram em verdades inquestionáveis (pleonasmo pra enfatizar). Mas vamos voltar às nossas questões básicas: moral, bons costumes e higiene.
MORAL
Qual o discurso moral atual? Você pode fazer o que quiser, tudo é permitido. Pode ser vários personagens numa mesma vida. Mas para te destruir, é só ir contra o grupo. Eu explico: lembra aquela história da menina que atiraram da janela, pois é, tente defender os pais. Ou até mesmo, vamos pegar uma parte da história mundial: o nazismo. Caso tente questionar o acontecido - se você não for um careca nazi – será depenado e atirado em praça pública para ser apedrejado. Ou tente fumar grávida, perto de crianças, impossível, aí além de você ser apedrejado ainda leva umas chicotadas. Mas você pode fazer tudo que quiser. Entendeu? É bem pior que a ditadura. Na ditadura não podíamos questionar porque era proibido. E agora podemos, mas não fazemos. Alguns até fazem, mas te digo, é como falar para as portas. Ninguém entende. E ainda te xingam. Ou, por que pensar nisto?
BONS COSTUMES
Não se pode perturbar a ordem. Temos que respeitar as leis. Que leis? Leis absurdas, ou que só detonam um lado da moeda. Pague suas contas em dia (mas a porra da empresa que é responsável pelo serviço não precisa prestá-lo decentemente. Se o celular e a TV saem do ar, isso é um problema comum), mas a conta terá que ser paga, mesmo com erros. Seja consciente no trânsito, se não leva multa (claro, para os bad boys riquinhos uma multa de R$500 não faz diferença, mesmo que eles tenham matado meia dúzia no caminho. Mas ultrapassar um sinal vermelho porque tinha um ônibus na frente e você não viu que o sinal tinha fechado, bem, R$190 fará diferença.) Trabalhe, seja um cidadão honesto, compre e tenha uma vida digna. É, os bons costumes significa trabalhar no que não gostamos para pagar aquilo que não precisamos. Enfim, jogar a nossa vidinha medíocre pela janela. E tente sair disso. Mas você pode sair, badalar, beber, trepar, desde que não incomode e pague suas contas em dia.
HIGIENE
Bem, depois desta tal de gripe suína parece que vivo num episódio do Monk. Uma coisa que não entendo: por que tanta higiene se a melhor arma contra as doenças é a imunidade e para criar imunidade é preciso ter contato com essas bactérias e vírus. Sabe aquela história de colocar a criança em contato com a natureza pra criar imunidade? Não digo deixar montanhas de lixos nas ruas ou em casa, mas poxa, passar o álcool gel a cada cinco minutos, não beijar, abraçar, apertar a mão...Aí já é demais. Bem, essa guerra contra os vírus e bactérias já está perdida. Mas o pior é o que está acontecendo em nome da higiene e da “sua” segurança. Por exemplo, se machuque, um machucado um pouco mais sério, um corte mais profundo. Um curativo bem feito resolveria seus problemas, mas não numa farmácia. É proibido. O bom cidadão vai no hospital (hã? Que hospital? Da Rede Pública? Tá bom então). Tudo dificultado para que não aconteça. Use cinto, não fume, não trepe sem camisinha, coma comidas orgânicas, beba café descafeinado. Legal essa vida? Faça tudo, mas sempre muito seguro. Uma segurança falsa, baseada na economia, em interesses. Pura publicidade: ou você realmente acredita que quando está comprando a sacolinha específica para compras no mercado está ajudando a natureza? O Wal Mart é, sem sombra de dúvida, uma das empresas mais responsáveis socialmente porque usa o papel dos dois lados? Entre outros.
Pois é, se você acredita nisso, então está perdido, faz parte da geração de escravos citada lá em cima. Mas sabe o que acho incrível? Que quando criticamos essas coisas parece que falamos absurdos. Temos que ser limpos. Ué, isso até parece ideologia da época hitleriana. Limpos não, puros. E para ser puro é necessário fazer parte deste mundo economicamente nojento, onde se faz assepsia para não encostar no outro, não amar o outro, apenas usar. E para isso não há necessidade de contato ou sentimentos, apenas de aparências.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

CABEÇA VAZIA

Cabeça vazia é oficina do Diabo! Para alguns. Porém a minha...bem, a minha deve ser uma Corporação inteira, com direito a Sociedade Anônima, Presidente, Diretor Presidente, departamentos, e até mesmo uma industria cinematográfica com agência de propaganda e marketing. E tem as terceirizadas, responsáveis pela limpeza e o bem estar social, tais como psicólogos, padres, mãe de santo e gurus.
Para a cabeça vazia não há limites. Quando a SA decide algo a Corporação toda trabalha. Isso significa que além da cabeça o corpo todo precisa dar atenção ao que acontece.
Sonhos
Um dos departamentos mais movimentados é o dos Sonhos, que se subdivide em dois: os dos Sonhos Sonhados e os dos Sonhos Imaginados. Eles englobam a Industria Cinematográfica e a agência de Propaganda e Marketing. Várias superproduções já foram lançadas pela corporação. Há épocas em que toda noite uma estréia acontece. Dependendo do filme o setor de Lembranças é acionado e o roteiro segue instruções da Memória. Quando isso acontece a Agência de Propagandas faz uma campanha com base no departamento Saudades e cria margem para o subsetor Sonhos Imaginados. A pedido do Marketing seguidas repetições acontecem.
Consequências
Depois de tanta produção a Limpeza vem e varre tudo, ou quase. Quando há resquícios de que algo possa fazer mal para o bem estar social os psicólogos, padres, mães de santo e gurus são chamados para, através de terapias em grupo, orações, cantos e mantras, solucionarem os problemas e trazerem harmonia a cabeça vazia e ao corpo.
Claro, através de seguidas reuniões com os membros da Personalidade, entende-se que a melhor solução é encher a cabeça. Aparentemente a Corporação trabalha contra. Sempre que a cabeça começa a ter responsabilidades extras, vários sintomas, a mando da SA, surgem em todo o organismo. Um deles é a preguiça, seguido de sono.
Quando a SA não consegue esvaziar a cabeça com esses primeiros sintomas, envia outros, dependendo do caso exagera, manda logo doenças como enxaqueca, dores no corpo, tristeza, mais lembranças surgem, depressão.
A Luta contínua
Com muita dificuldade o bem estar continua, e a cabeça vai se enchendo. A SA fica desesperada. Lançamento de filmes com Lembranças, Memórias são lançados um atrás do outro. Mas com a cabeça cheia, os Sonhos Imaginados não tem tempo para serem gerados e a Agência de Propaganda e Marketing se vê sem saída, apela para a diretoria para que mudem o rumo. Pois agora a cabeça tem outros objetivos e apenas com cooperação é que uma grande Corporação consegue se manter.
Mas não ache que a SA ficou boazinha, apenas deram um tempo, pois sabem que em algum momento a cabeça irá se esvaziar novamente. E não é que eles trabalhem contra, mas é que cabeça vazia é...

quinta-feira, 26 de março de 2009

ASSIM ASSADO

É, as coisas são assim mesmo.
Não adianta ficar nervosa, isso não vai mudar em nada.
Pois é, as coisas são assim, sempre foram e, segundo as frases acima, ninguém está nem aí para que elas mudem.
Só não consigo entender por que as coisas são assim, já que se assim não está bom. Eu não acredito que são assim por que não podem ser de outro jeito. Quando depende de mim elas não são assim, tento fazer o máximo para que as coisas sejam, então, assadas. Ou fritas. Conhece microondas? Mais rápido ainda!
Quando a coisa depende de agilidade sou ágil. Não sou do tipo de pessoa que me enrolo, pois sei que existe alguém na espera, e não serei eu a responsável para que a coisa se torne mais difícil do que já é.
Mas também existem algumas coisas que devem ser feitas devagar, e sempre. Mas são coisas diferentes. Como comida. Para esquentar: um micro. Mas, para deixá-las saborosas, um forno. Mesmo assim, assada, não assim.
Coisas e mais coisas, que só são assim porque as pessoas querem que sejam assim.

terça-feira, 17 de março de 2009

O GRANDE DESPERDÍCIO

Por Karina Ernsen

Vivemos numa época em que muito se fala, mas nada se faz. Não há a necessidade de procurar dados para perceber que tudo que usamos é desperdiçado. Porém o problema não está
apenas no desperdicio, mas no tanto e em como usamos.

Tempo
Desperdiçamos o tempo, pois a maior parte é dedicada ao dinheiro e em como consegui-lo. 12 anos de nossas vidas são passadas em colégios, onde se aprende, na maior parte do tempo, inutilidades. Como análise sintática, álgebra, raízes quadradas... Para quê? Quem precisa saber do objeto intransitivo para se comunicar? Quem precisa fazer a raiz quadrada para se dedicar? Eu nem lembro o que é álgebra, só citei aqui porque não gostava e logo só aprendi para passar de ano, e pelo jeito é isso que a maior parte das pessoas fazem a vida toda: passam de ano.

Depois desse período de torturas pedagógicas temos que passar mais um ano com o pesadelo do vestibular. Época em que a vida deixa de existir. Para depois entrar numa faculdade. Na faculdade temos escolhas. Podemos enfim nos dedicar a algo que realmente gostamos. Mas será que gostamos? Não é um pouco cedo demais para saber se essa ou aquela profissão é realmente importante aos nossos interesses?

Quantas pessoas conseguem realmente se satisfazer com a profissão escolhida aos 17, 18 anos de idade? Fora que a maior parte das faculdades serve apenas para, mais uma vez, passar de ano. Estuda-se o necessário para conseguir o diploma. Após acabar a graduação, entramos no mercado de trabalho. Quantos conseguem realizar seus sonhos com aquilo que escolheram? Antes disso, é preciso deixar de lado todos os sonhos e ideologias. Que empresa quer alguém que pense em si mesmo? Ou na humanidade? Ou no bem estar social da nação?

Lucro
A empresa quer lucro e para isso se utiliza de discursos, que não sei por que motivo as pessoas adotam como se fossem as verdades para sua vida. Esses discursos são sempre os mesmos. Atualmente se fala muito em ecologia, não ao desperdício, reciclagem, dia da consciência negra, fora o preconceito... e tantas outras coisas que são faladas, mas raramente acionadas.

Será que alguém pensa em ecologia quando se deixa ser sonhado pelo prazer de ter um carro 0 km? O que significa esse número exorbitante de automóveis, tanto nas ruas como nas revendedoras? Por que é preciso tantos novos empreendimentos imobiliários e outros tantos panfletos para vender? Fora que quando não são bem sucedidos ficam às moscas. Os espaços construídos não podem ser utilizados por aqueles que não tem a quantia necessária, então é melhor deixá-los vazio, ou demolir.

Embalagens
E nos supermercados? Por que os produtos alimentícios, de higiene e farmacêuticos precisam de caixas e pacotes que sempre vão para o lixo? - Ah, eles podem ser reciclados - ora, não precisavam nem existir - São apenas propagandas! Para quê?

Nas lanchonetes, precisamos de paciência extrema para abrir pacotinhos de catchup e mostarda. Higiene? Não acredito que um monte de pacotinho não biodegradável possa contribuir para a higiene do nosso planeta.

Respostas
Há várias respostas vazias. É preciso criar empregos, também necessidades, para assim a população continuar consumindo... consumo.

É o desperdício de tempo, de pessoas, de sentimentos, de papel, de lata, de ambiente e de meios.
Vivemos nesta época, onde temos milhares de livros nas livrarias – que dizem a mesma coisa. Será que realmente as pessoas precisam de livros que as ensinem a amar, trepar, cuidar de seus filhos? Estas coisas estão dentro da gente. Mas não existe tempo para que se olhe para dentro, todas as referências precisam ser externas. Desperdício de ser, para que assim possam ter.

É triste, mas essa é a realidade. Temos como mudar? Acho que apenas quando as pessoas perceberem de verdade que a vida é uma só e apenas passar os anos é um grande desperdício. Afinal, por que nascemos e estamos aqui?

sábado, 14 de março de 2009

PARA QUE SER JORNALISTA?

Por Karina Ernsen
Quando uma pessoa sonha ser jornalista, pode ter várias aspirações pessoais e profissionais. Quem sabe, querer conhecer o mundo, se aventurar por realidades diferentes, freqüentar lugares aonde apenas poderosos (e jornalistas) vão, ou até ser um formador de opinião.

Bem, conhecer o mundo é para quem pode, não para quem quer. Pode ser que alguma empresa jornalística fique encantada com sua performance profissional e contrate você para dar uma de Zeca Camargo. Mas as grandes empresas jornalísticas são as primeiras a corroer seus sonhos e fazer você acreditar que a opinião expressada é sua, e não da empresa. Opinião? Pra quê?

Aventurar-se por aí pode até ser mais fácil. O próprio jornalista pode pegar um carro, uma câmera e fazer um documentário. Porém, para isso é preciso patrocínio, em bom português: a venda do seu pensamento e do sonho de mostrar para o mundo aquilo que você vê e demonstrar aquilo que sente. Mas existem aquelas pessoas que nasceram em berço de ouro e em vez de patrocínio tem um paitrocínio. Esses casos são raros. E outra coisa: quem vai veicular o documentário? Pode passar no YouTube. Bem, seus amigos e familiares ficarão encantados!

Confronto com "realidades patrocinadoras"

Já as outras realidades podem estar mais próximas do que imaginamos. Pode-se trabalhar num jornal de taxistas e conhecer o modo de vida desses motoristas. Ou ser assessor de imprensa de algum modelo, político, artista, jogador de futebol... e com isso entender as entrelinhas desses mundos tão distantes dos reles mortais. Contudo, após a descoberta dessas"subculturas", a novidade passa e a mesmice entra em cena.

O acesso. Ah, o acesso! Isso vai depender do lugar em que você trabalha. Por que vão liberar um assessor de imprensa de uma empresa no camarote da Brahma? Bem, o jornalista poderá ter acesso às reuniões dos poderosos da empresa. Mas e daí, se você não é um dos poderosos, mas um reles jornalista? E com esse rótulo, o máximo que poderá fazer é alguma pergunta, mas jamais emitir uma opinião.

Quanto a ser"formador de opinião", essa é a maior história da carochinha que já contaram. O jornalista precisa trabalhar, mas para isso não basta escrever bem. Ele precisa acreditar que o jornal, ou a empresa, ou o político, ou o time de futebol em que ele trabalha é o melhor. O que eles dizem é a verdade e não há questionamentos. Onde fica a opinião do jornalista? Quem decide isso é o chefe. E não é o editor-chefe, pois esse também é monitorado. Mas o chefe. Caso ele ache que seu texto transmite alguma idéia que entra em confronto com as"realidades patrocinadoras" do jornal, ou você muda o texto, ou de emprego. E não adianta muito tentar expressar opiniões nas entrelinhas. Poucas pessoas as lêem.

De tão bons, são pensadores

A questão é que o outro emprego não será muito diferente. Pode até parecer no primeiro momento. Mas a regra é a regra, neste caso. E as exceções são pouquíssimas – caso exista alguma, me apresentem. Mandarei meu currículo para lá.

O grande fato é que ser jornalista parece pior do que ser prostituta. Esta vende o corpo, algo que até as minhocas comem. Mas o jornalista vende idéias, alguns até sonhos. Ótimo, não? Só que nem as idéias nem os sonhos são do jornalista.

Claro que alguns jornalistas são os jornalistas, mas esses são poucos. E não estou mencionando aqueles que acham que são os bons, mas aqueles que o são de verdade e formam opiniões, são críticos e assumem isso. E são tão bons que já não são jornalistas, mas pensadores.