quinta-feira, 26 de março de 2009

ASSIM ASSADO

É, as coisas são assim mesmo.
Não adianta ficar nervosa, isso não vai mudar em nada.
Pois é, as coisas são assim, sempre foram e, segundo as frases acima, ninguém está nem aí para que elas mudem.
Só não consigo entender por que as coisas são assim, já que se assim não está bom. Eu não acredito que são assim por que não podem ser de outro jeito. Quando depende de mim elas não são assim, tento fazer o máximo para que as coisas sejam, então, assadas. Ou fritas. Conhece microondas? Mais rápido ainda!
Quando a coisa depende de agilidade sou ágil. Não sou do tipo de pessoa que me enrolo, pois sei que existe alguém na espera, e não serei eu a responsável para que a coisa se torne mais difícil do que já é.
Mas também existem algumas coisas que devem ser feitas devagar, e sempre. Mas são coisas diferentes. Como comida. Para esquentar: um micro. Mas, para deixá-las saborosas, um forno. Mesmo assim, assada, não assim.
Coisas e mais coisas, que só são assim porque as pessoas querem que sejam assim.

terça-feira, 17 de março de 2009

O GRANDE DESPERDÍCIO

Por Karina Ernsen

Vivemos numa época em que muito se fala, mas nada se faz. Não há a necessidade de procurar dados para perceber que tudo que usamos é desperdiçado. Porém o problema não está
apenas no desperdicio, mas no tanto e em como usamos.

Tempo
Desperdiçamos o tempo, pois a maior parte é dedicada ao dinheiro e em como consegui-lo. 12 anos de nossas vidas são passadas em colégios, onde se aprende, na maior parte do tempo, inutilidades. Como análise sintática, álgebra, raízes quadradas... Para quê? Quem precisa saber do objeto intransitivo para se comunicar? Quem precisa fazer a raiz quadrada para se dedicar? Eu nem lembro o que é álgebra, só citei aqui porque não gostava e logo só aprendi para passar de ano, e pelo jeito é isso que a maior parte das pessoas fazem a vida toda: passam de ano.

Depois desse período de torturas pedagógicas temos que passar mais um ano com o pesadelo do vestibular. Época em que a vida deixa de existir. Para depois entrar numa faculdade. Na faculdade temos escolhas. Podemos enfim nos dedicar a algo que realmente gostamos. Mas será que gostamos? Não é um pouco cedo demais para saber se essa ou aquela profissão é realmente importante aos nossos interesses?

Quantas pessoas conseguem realmente se satisfazer com a profissão escolhida aos 17, 18 anos de idade? Fora que a maior parte das faculdades serve apenas para, mais uma vez, passar de ano. Estuda-se o necessário para conseguir o diploma. Após acabar a graduação, entramos no mercado de trabalho. Quantos conseguem realizar seus sonhos com aquilo que escolheram? Antes disso, é preciso deixar de lado todos os sonhos e ideologias. Que empresa quer alguém que pense em si mesmo? Ou na humanidade? Ou no bem estar social da nação?

Lucro
A empresa quer lucro e para isso se utiliza de discursos, que não sei por que motivo as pessoas adotam como se fossem as verdades para sua vida. Esses discursos são sempre os mesmos. Atualmente se fala muito em ecologia, não ao desperdício, reciclagem, dia da consciência negra, fora o preconceito... e tantas outras coisas que são faladas, mas raramente acionadas.

Será que alguém pensa em ecologia quando se deixa ser sonhado pelo prazer de ter um carro 0 km? O que significa esse número exorbitante de automóveis, tanto nas ruas como nas revendedoras? Por que é preciso tantos novos empreendimentos imobiliários e outros tantos panfletos para vender? Fora que quando não são bem sucedidos ficam às moscas. Os espaços construídos não podem ser utilizados por aqueles que não tem a quantia necessária, então é melhor deixá-los vazio, ou demolir.

Embalagens
E nos supermercados? Por que os produtos alimentícios, de higiene e farmacêuticos precisam de caixas e pacotes que sempre vão para o lixo? - Ah, eles podem ser reciclados - ora, não precisavam nem existir - São apenas propagandas! Para quê?

Nas lanchonetes, precisamos de paciência extrema para abrir pacotinhos de catchup e mostarda. Higiene? Não acredito que um monte de pacotinho não biodegradável possa contribuir para a higiene do nosso planeta.

Respostas
Há várias respostas vazias. É preciso criar empregos, também necessidades, para assim a população continuar consumindo... consumo.

É o desperdício de tempo, de pessoas, de sentimentos, de papel, de lata, de ambiente e de meios.
Vivemos nesta época, onde temos milhares de livros nas livrarias – que dizem a mesma coisa. Será que realmente as pessoas precisam de livros que as ensinem a amar, trepar, cuidar de seus filhos? Estas coisas estão dentro da gente. Mas não existe tempo para que se olhe para dentro, todas as referências precisam ser externas. Desperdício de ser, para que assim possam ter.

É triste, mas essa é a realidade. Temos como mudar? Acho que apenas quando as pessoas perceberem de verdade que a vida é uma só e apenas passar os anos é um grande desperdício. Afinal, por que nascemos e estamos aqui?

sábado, 14 de março de 2009

PARA QUE SER JORNALISTA?

Por Karina Ernsen
Quando uma pessoa sonha ser jornalista, pode ter várias aspirações pessoais e profissionais. Quem sabe, querer conhecer o mundo, se aventurar por realidades diferentes, freqüentar lugares aonde apenas poderosos (e jornalistas) vão, ou até ser um formador de opinião.

Bem, conhecer o mundo é para quem pode, não para quem quer. Pode ser que alguma empresa jornalística fique encantada com sua performance profissional e contrate você para dar uma de Zeca Camargo. Mas as grandes empresas jornalísticas são as primeiras a corroer seus sonhos e fazer você acreditar que a opinião expressada é sua, e não da empresa. Opinião? Pra quê?

Aventurar-se por aí pode até ser mais fácil. O próprio jornalista pode pegar um carro, uma câmera e fazer um documentário. Porém, para isso é preciso patrocínio, em bom português: a venda do seu pensamento e do sonho de mostrar para o mundo aquilo que você vê e demonstrar aquilo que sente. Mas existem aquelas pessoas que nasceram em berço de ouro e em vez de patrocínio tem um paitrocínio. Esses casos são raros. E outra coisa: quem vai veicular o documentário? Pode passar no YouTube. Bem, seus amigos e familiares ficarão encantados!

Confronto com "realidades patrocinadoras"

Já as outras realidades podem estar mais próximas do que imaginamos. Pode-se trabalhar num jornal de taxistas e conhecer o modo de vida desses motoristas. Ou ser assessor de imprensa de algum modelo, político, artista, jogador de futebol... e com isso entender as entrelinhas desses mundos tão distantes dos reles mortais. Contudo, após a descoberta dessas"subculturas", a novidade passa e a mesmice entra em cena.

O acesso. Ah, o acesso! Isso vai depender do lugar em que você trabalha. Por que vão liberar um assessor de imprensa de uma empresa no camarote da Brahma? Bem, o jornalista poderá ter acesso às reuniões dos poderosos da empresa. Mas e daí, se você não é um dos poderosos, mas um reles jornalista? E com esse rótulo, o máximo que poderá fazer é alguma pergunta, mas jamais emitir uma opinião.

Quanto a ser"formador de opinião", essa é a maior história da carochinha que já contaram. O jornalista precisa trabalhar, mas para isso não basta escrever bem. Ele precisa acreditar que o jornal, ou a empresa, ou o político, ou o time de futebol em que ele trabalha é o melhor. O que eles dizem é a verdade e não há questionamentos. Onde fica a opinião do jornalista? Quem decide isso é o chefe. E não é o editor-chefe, pois esse também é monitorado. Mas o chefe. Caso ele ache que seu texto transmite alguma idéia que entra em confronto com as"realidades patrocinadoras" do jornal, ou você muda o texto, ou de emprego. E não adianta muito tentar expressar opiniões nas entrelinhas. Poucas pessoas as lêem.

De tão bons, são pensadores

A questão é que o outro emprego não será muito diferente. Pode até parecer no primeiro momento. Mas a regra é a regra, neste caso. E as exceções são pouquíssimas – caso exista alguma, me apresentem. Mandarei meu currículo para lá.

O grande fato é que ser jornalista parece pior do que ser prostituta. Esta vende o corpo, algo que até as minhocas comem. Mas o jornalista vende idéias, alguns até sonhos. Ótimo, não? Só que nem as idéias nem os sonhos são do jornalista.

Claro que alguns jornalistas são os jornalistas, mas esses são poucos. E não estou mencionando aqueles que acham que são os bons, mas aqueles que o são de verdade e formam opiniões, são críticos e assumem isso. E são tão bons que já não são jornalistas, mas pensadores.