sábado, 11 de dezembro de 2010

Ser mãe é padecer no paraíso

A minha filha já vai para quatro anos, neste tempo passei por várias fases. E que fases.

A frase de padecer no paraíso é uma realidade incontestável, que só fui compreender após ter dado a luz. Ninguém sem ser mãe, nenhum homem é capaz de imaginar o sofrimento de se deixar para ser algo de alguém. Abrir mão da autonomia, do tempo (integral), do corpo, para cuidar. Não digo nem educar, isso é uma coisa social, mas estar presente mesmo quando não está junto. É não dormir mais, não planejar sem antes ver se há condições para o pequeno rebento. E digo isso de tudo, desde planejar o almoço até a viagem de final de ano.



Na primeira fase, que acredito ser do nascer até os 3 anos, mais ou menos, ser mãe é apenas ser mãe. Até tentei ser mais mulher, mais profissional, mas parece que fica tudo pela metade. Pode até ser algo hormonal, pois irritações são freqüentes. Tem vezes que me vejo sendo uma pessoa realmente brava, coisa que era raro antes de ser mãe. Até porque há a adaptação de “deixar” de existir. O primeiro ano é realmente o pior. Está ali um pequeno ser e ninguém mais te vê. Quando ligam é pra perguntar da cria, e a impressão é que a mãe é apenas um colo e um peito cheio de leite. Depois me acostumei e fui colocando os pontos nos is. Reclamei mesmo, eu existo, oooiii.


Autonomia? Bem, não é nem por questões externas, mas parece que deixei de ter. Não sei se porque parei de trabalhar, mas não sentia que era dona de minha vida, quem sabe da vida da minha filha, mas não da minha. Um dia uma funcionária de telemarketing ligou aqui em casa para vender algo. Disse que ela precisava falar com meu marido para resolver a questão. Ela me questionou se eu não tinha autonomia. Fiquei fula da vida, até porque só disse isso pra me livrar dela (e que autonomia ela tem pra me perguntar isso?). Mas repensando, realmente os assuntos externos à maternidade perdem a intensidade e são terceirizados.


Acredito que este sentimento pode ser causado pela criação que tivemos. Pois não estamos satisfeitas em ser mães, temos que ser várias coisas ao mesmo tempo. Antigamente as famílias eram maiores, moravam todos próximos. Agora somos “independentes”, precisamos trabalhar, ter dinheiro, estarmos lindas e maravilhosas, a casa arrumada, a unha feita e fazer amor, ser uma mulher completa. Dá? Alguém consegue? Quem sabe com uma empregada, mais uma babá, um motorista...



Bem, voltando. Depois o neném cresce. E aí o que você perde é a cria. Ela já é uma criança e não precisa mais tanto de mim, ou sim, pois muda o tipo de dependência. Então, pensando bem, ser mãe é padecer no paraíso para sempre e sempre...pois por mais que eu volte a ter uma vida, sempre haverá o cuidado.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

NÃO TENHO CERTEZA MAS...

Direção: Fabiano Amorim
SINOPSE: O eterno conflito homem mulher, visto com muito bom humor. O espetáculo brinca com dança e movimento, buscando simplicidade, beleza e emoção.











sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O Enem, o palhaço e o nosso inferno

Luiz Geremias

"Extremo sofrimento infligido por certas circunstâncias, sentimentos ou pessoa(s); martírio, tormento."
Inferno, segundo o dicionário Houaiss
 

Cada vez fica mais forte a percepção de que vivo num inferno. Acordo, hoje, dia 17 de novembro de 2010, e leio texto de Michel Blanco no portal do Yahoo: “Tiriricas com o Enem”. Algo do escrito me traz essa certeza e, adianto, não faço aqui uma crítica ao articulista ou ao artigo, apenas o uso para refletir sobre certas palhaçadas e sobre o papel que a imprensa bem tendo na sociedade em que vivo.

O articulista diz que a eleição do humorista Tiririca “é creditada ao voto de protesto contra ‘tudo que está aí’” e que há uma “percepção generalizada de que nada no país funciona como deveria”. Ora, será verdade isso? Ou será mais uma “realidade” ideológica?

Tiririca, para se eleger, aproveitou bem a depressão presente na população que entende que “tudo que está aí” está mal. É, assim, bem mais esperto do que boa parte dessas pessoas.
A referência a “tudo que está aí” já é suspeita, pois tem uma abrangência estranha. “Tudo” é a totalidade das coisas, o total, e é impossível que haja uma percepção tão abrangente, pois não pode ser verdade que todas as coisas, sem faltar nenhuma, estejam tão ruins que requeiram protestos. Cheira a uma afirmação depressiva, que denuncia mais um profundo desânimo em relação à realidade do que uma efetiva análise desta.

Longe de ser uma idiossincrasia do articulista, parece mais uma regra de pensamento de uma camada da população que vive intensamente esse sentimento depressivo. Para muita gente, a realidade é desagradável, tão desagradável que se acredita que “tudo” está efetivamente ruim. Ora, não está. Por mais que estejamos insatisfeitos com a realidade, é preciso sanidade para entender que isso não significa que todas as coisas estejam péssimas.

Ora, nem tudo está mal e nem todo governante é inoperante e a referência da imprensa de ser um “quarto poder” vigilante e crítica dos outros poderes não dá aos jornalistas o direito a só ver os problemas da realidade, muito menos a exagerar problemas, como no caso do Enem. 
Pode-se dizer que Blanco usou uma figura de linguagem, um exagero generalizante para dar ênfase ao que quer dizer. Certo. Mas isso não anula o entendimento de que essa figura de linguagem denuncia a possível depressão de Blanco e a provável depressão daqueles que se identificam com essa ideia. Em resumo, podemos pensar que não são as coisas que estão ruins, mas que os que assim entendem a vida é que a vivem de forma nefasta e, por que não dizer, profundamente estúpida.

Tiriricas com o quê?
Francisco Everardo Oliveira Silva é um humorista que usa o nome artístico de Tiririca. Foi eleito com mais de 1,3 milhão de votos para deputado federal, por São Paulo, o estado mais rico da federação. Na minha visão, um excelente humorista – daqueles que têm a capacidade de fazer com que a gente sinta uma profunda alegria somente em olhá-lo. É um cidadão como outro qualquer, que exerce sua profissão com maestria. Pode candidatar-se a deputado ou qualquer outra função administrativa, sem qualquer problema. E pode ser eleito, como acabou sendo.

Tiririca, para se eleger, aproveitou bem a depressão presente na população que entende que “tudo que está aí” está mal. É, assim, bem mais esperto do que boa parte dessas pessoas. Talvez por isso tenha sido alvo de tantas referências negativas. É que essa gente que vive tão depressivamente faz parte daquilo que chamamos genericamente de “classe média”, tão bem descrita por Bolivar Costa, em livro raro, intitulado “O drama da classe média”.

A imprensa, todo o tempo, parece trabalhar com essa noção de idealização, vendendo a ideia de que, se todos fizermos o que deve ser feito, um dia tudo será perfeito, o governo será eficiente, os mecanismos democráticos funcionarão sem defeitos e, em última análise, todos seremos mais felizes, com melhor qualidade de vida. É uma doce, mas tenebrosa ilusão, principalmente quando se percebe que as empresas jornalísticas e seus jornalistas não abordam a realidade em sua totalidade e primam pela promoção do espetáculo, exagerando alguns tópicos do mundo real e minimizando outros. 
Segundo Costa, essa camada populacional vive realmente mal, mas não por conta da ruindade da realidade. Ele diz que a classe média é reacionária e combate a voracidade da burguesia, mas tem “horror pânico” a qualquer proposição que busque reordenar as coisas. Atribui, sempre, a má situação à improbidade administrativa e à inoperância dos governantes. Acha tudo ruim, mas não faz nada para mudar, a não ser “protestar contra tudo o que está aí”. Nada faz além de dizer que “nada no país funciona como deveria”. Em resumo, estão sempre “tiriricas” com algo, mas essa irritação não existe para mudar nada. Parece ter a função de uma reclamação perene que, infantilmente, busca atribuir a culpa de seus males a outrem.

Qualquer semelhança com a real classe média com a qual convivemos diariamente não é mera coincidência.

Será tão ruim?
Michel Blanco informa que “Centenas de estudantes foram às ruas de diversas capitais para extravasar revolta contra os sucessivos erros na aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)”. O tal exame foi aplicado e houve alguns problemas, informados pelo articulista, como “Cartões-resposta trocados, questões repetidas ou ausentes e brechas de segurança que permitiram a alunos acesso a celular e dali ao indefectível Twitter”.


Ora, problemas sempre ocorrem, o que não significa que tudo tenha sido problemático e o próprio Blanco, demonstrando sua sanidade, opina que nem tudo está ruim, pois reconhece que “A bem da verdade, o número de prejudicados imediatos foi menor que o inicialmente noticiado: algo menos de 2 mil receberam a fatídica prova amarela com erros, num universo de 4,6 milhões de inscritos”. Mas, pondera que “as falhas abalaram a credibilidade do exame, e o imbróglio judicial em que se transformou o Enem deste ano traz decepção e insegurança a todos participantes”. Ok, podemos aceitar isso, mas precisamos também entender que boa parte dos tumultos que abalam a credibilidade do exame e trazem insegurança foram promovidos pela imprensa, que, como Tiririca, sabe bem explorar a depressiva classe média. Se menos de 2 mil tiveram problemas e mais de 4 milhões não tiveram, é profícuo perguntar se era necessária tanta histeria midiática para tratar do assunto.

E, enfim, cabe perguntar se os tais jovens que protestam sabem realmente contra o que estão protestando. Ou se simplesmente estão fazendo o que os pais fazem, ou seja, posicionar-se depressivamente em relação à realidade e ajudando a manter este inferno que Schopenhauer definiu como composto por almas atormentadas e demônios atormentadores. Se isto for verdade, o nariz de palhaço que usam nos protestos pode adquirir um translúcido e inesperado sentido: seriam palhaços mesmo, não como Tiririca, que faz da palhaçada o seu ofício, mas, quem sabe, palhaços na vida, “pessoas que provocam o riso ou que não podem ser levada a sério”, como define o dicionário Houaiss.

Idealizando o inferno
Aqui cabem algumas ponderações rápidas sobre esse tema infernal. Explorando essa potencialidade depressiva da classe média, a imprensa incentiva a percepção de que tudo está mal por conta da inoperância dos governantes. Ora, nem tudo está mal e nem todo governante é inoperante e a referência da imprensa de ser um “quarto poder” vigilante e crítica dos outros poderes não dá aos jornalistas o direito a só ver os problemas da realidade, muito menos a exagerar problemas, como no caso do Enem.

O que a imprensa faz, de forma geral, é aproveitar a depressão dessa gente e vender seus produtos, além de manter esse estado de coisas que permite a venda fácil desses produtos pernósticos. Ou seja, sob a capa de um compromisso democrático, o que pretende mesmo é incentivar um certo tipo de consumo, forjar uma realidade na qual “tudo está ruim” e que para resolver isso a única coisa a fazer é reclamar e cobrar mais eficiência. Isso parece significar dizer que o inferno não está satisfatório e que é fundamental cobrar mais competência ao diabo.

Se isto for verdade, o nariz de palhaço que usam nos protestos pode adquirir um translúcido e inesperado sentido: seriam palhaços mesmo, não como Tiririca, que faz da palhaçada o seu ofício, mas, quem sabe, palhaços na vida, “pessoas que provocam o riso ou que não podem ser levada a sério”, como define o dicionário Houaiss.
O sentimento depressivo e a minha percepção de que tudo não passa de um circuito infernal pode ser pensada abordando o âmbito da idealização. Segundo alguns psicanalistas, como a genial Melanie Klein, a idealização somente ocorre por conta de uma total incapacidade de perceber a realidade. Idealizar algo é uma tentativa mágica de sanar magicamente os problemas existentes não exatamente no mundo real, mas na imaginação. O idealizador vê a realidade como muito boa, maravilhosa, ou muito ruim, tétrica, nunca como ela é: potencialmente boa ou má, conforme a conjuntura, mas sempre mais complexa do que qualquer fantasia pode alcançar.

A imprensa, todo o tempo, parece trabalhar com essa noção de idealização, vendendo a ideia de que, se todos fizermos o que deve ser feito, um dia tudo será perfeito, o governo será eficiente, os mecanismos democráticos funcionarão sem defeitos e, em última análise, todos seremos mais felizes, com melhor qualidade de vida. É uma doce, mas tenebrosa ilusão, principalmente quando se percebe que as empresas jornalísticas e seus jornalistas não abordam a realidade em sua totalidade e primam pela promoção do espetáculo, exagerando alguns tópicos do mundo real e minimizando outros.

Procedendo dessa forma, a imprensa somente promove o sofrimento, apenas alimenta a depressiva percepção de boa parte dos palhaços que criticam o palhaço que se elegeu, certamente por inveja, pois, ao contrário deste, não ganham nada com suas palhaçadas, só perdem, perenizando o inferno em que vivem.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sonho de consumo

O final deste episódio não importa, o que realmente me interessa é o fato de poder mandar todos calarem a boca e ficar em paz. Este episódio nunca saiu da minha cabeça, e olha que quando passou eu era criança.
Imaginem ir ao mercado sem ter que dar satisfação a ninguém. Dormir e acordar a hora que bem entender? Poder ler um livro em paz, ou jogar mini game sem ninguém te interromper?
Quero um relógio deste, e não seria pra fazer nada de importante, apenas dormir, ler, jogar, ver um filme...

A Little Peace and Quiet
http://www.youtube.com/watch?v=bjFdix6BRZk&feature=related://

Diretor: Wes Craven

Roteiro: James Crocker

“Não seria bom se, apenas uma vez, todos se calassem e parassem de aborrecê-lo? Não seria ótimo ter tempo para concluir um pensamento ou mergulhar em um devaneio? Pensar em voz alta sem ter de explicar exatamente o que quis dizer? Se você tivesse esse poder, ousaria usá-lo, mesmo sabendo que o silêncio tem suas próprias vozes… de um lugar Além da Imaginação?”

Penny (Melinda Dillon, de O Príncipe das Marés) é uma dona-de-casa completamente atordoada com marido, quatro filhos e um cão que exigem sua atenção o tempo todo; os filhos falam e gritam, o cão late, o marido reclama, a máquina de lavar faz barulho e um dos filhos põe uma cobra na frigideira junto com o bacon do café da manhã.

Um dia, ao cuidar do jardim, ela encontra uma caixa enterrada e dentro, uma corrente e relógio dourados. Ela gosta do objeto e começa a usá-lo. Mais tarde, durante uma crise de falatório e reclamações da família, ela grita ‘Calem-se’ e todos param onde estão, ‘congelados’. A princípio ela fica espantada, mas logo percebe que aquilo é causado pelo relógio, que consegue parar o tempo. Ao dizer ‘continuem falando’, tudo volta ao normal.

Penny começa a aproveitar seu novo brinquedinho para fazer compras calmamente no supermercado, tomar o café da manhã sem gritos e correria. Mas uma noite, o marido a chama para ver uma notícia na TV: o primeiro míssil soviético acaba de entrar no espaço aéreo americano. Desesperada, Penny grita e tudo congela. Ela caminha pela cidade e vê pessoas desesperadas, carros em colisão, uma cena de caos congelado e pessoas olhando para cima. Então, horrorizada, ela vê um míssil parado no céu logo acima da cidade.

O que você faria? Viveria eternamente sozinha ou continuaria o tempo e morreria (instantaneamente)? Esse final foi mesmo arrepiante.

O epísódio não tem a tradicional narrativa de encerramento.

Ao revê-lo depois de 24 anos pude perceber que a história é um pouco datada, pois em 1985 ainda havia a Guerra Fria e a ameaça potencial de uma guerra nuclear (hoje felizmente essa é uma possibilidade remota); naquela época também havia poucos efeitos especiais disponíveis e o ‘congelamento’ dos personagens era feito à moda antiga, ou seja, marido e crianças ficam parados enquanto mamãe se espanta. Impossível manter uma criança completamente parada… Mas esses detalhes não estragam o show.
http://www.terracotabolsas.com/rato/?p=253

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Leis das TVS a cabo

No capitulo V da lei 8.977 de janeiro de 1995, diz claramente que é obrigação da TV a cabo disponibilizar os canais abertos, mas isso não acontece. É um direito do consumidor, eu já corri atrás uma vez e a TVA teve que encerrar o contrato sem multa. Posso se um pouco ingênua, mas acredito que se várias pessoas correrem atrás e reclamarem, tanto no procom, como na anatel (e é só dar uma ligadinha ou mandar um email) as TVs a cabo vão correr atrás de disponibilizarem tais canais.
A net é uma das unicas que disponibiliza todos os canais abertos aqui de Curitiba e em Brasilia, mas a TVA até um tempo atrás não tinha nem a educativa e nem a CNT. A SKY, pelo que eu saiba não tem a Globo.
Claro que o povo adora reclamar, mas correr atras não vai. Eu fui, e consegui.
Então fica aí a lei e o link.

LEI Nº 8.977, DE 6 DE JANEIRO DE 1995.
CAPÍTULO V
DA OPERAÇÃO DO SERVIÇO
Art. 23.A operadora de TV a Cabo, na sua área de prestação do serviço, deverá tornar disponíveis canais para as seguintes destinações:
I - CANAIS BÁSICOS DE UTILIZAÇÃO GRATUITA:
a) canais destinados à distribuição obrigatória, integral e simultânea, sem inserção de qualquer informação, da programação das emissoras geradoras locais de radiodifusão de sons e imagens, em VHF ou UHF, abertos e não codificados, cujo sinal alcance a área do serviço de TV a Cabo e apresente nível técnico adequado, conforme padrões estabelecidos pelo Poder Executivo;

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8977.htm

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

É bonito é bonito.

Lá depois da Muralha

Tem é que mora o sossego

Não tem roupa pra usar

Sem problema, só arrego



Depois da Serra

É só alegria

Dormir, nadar ou ler

ficar susse ou na folia



Que saudades que me dá

Quero morar no mar

Pra dormir do seu colo

E seu corpo abraçar



(Mas pra chegar no paraíso

Tem que pagar e não é ficha

Certeza que vai ficar mais caro

Com a volta do Beto Richa...)

 
Do Blog:  http://www.sirjpauloanderson.blogspot.com/

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Higiêne X Ecologia

Alguém pode me explicar uma coisa?
Atualmente há uma campanha contra as sacolinhas de mercado, aquelas de plástico que usamos pra colocar lixo. Mas também há uma conscientização para que os cocos de cachorrinhos sejam colocados em sacolinhas plasticas para serem jogadas no lixo e logo não sujarem as ruas.
Ok. Mas isso é uma contradição.
O coco suja o pezinho dos cidadãos de bem. As sacolinhas sujam o mundo e duram sei lá quantos seculos pra deixarem de existir, então, o que você decide?
Outras coisas contraditórias entre ecologia e higiêne:
sachês de catchup e mostarda
canudos com capa protetora (plástico ou papel)
guardanapo também com capas protetoras
fora o normal, como embalagens e afins, vocês já repararam nos pacotes de presentes atuais, tem quase um quilo de papel só pra embrulhar um tereco teco.
Bem, vamos usar a natura de exemplo. Empresa respeitada por sua consciência social e ambiental. Eles tem até o tal de refil, mas sempre que comprei kits, eles vieram em caixinhas, com papelzinhos, fitinhas e blá blá blá. Tá bom, são lindas e estão todas guardadas, mas com certeza irão pro lixo.
E então, a culpa é de quem?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010


Foto: Luiz Geremias
Arte: Karina Ernsen

domingo, 1 de agosto de 2010

sábado, 31 de julho de 2010

terça-feira, 13 de julho de 2010

Frases

Um sonho que se sonha só é apenas um sonho, mas um sonho que se sonha com todos é unanimidade. Toda unanimidade é burra.

Deus é Fiel, mas ama a todos.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Morte: verdade ou ficção?

A morte é algo comum. Fico besta cada vez que alguém a considera algo de outro mundo. Como por exemplo: mas muitas pessoas estão morrendo! OH, que coisa!

Ou quando se benzem ao citar tal palavra. Será que estas pessoas não morrerão?
E a velhice? Algo preliminar a morte. Esta também é evitada de todas as maneiras possíveis. Como se tivesse saída.

Tudo bem, atualmente poucos morrem, muitos vivem. O problema é que muitos vivem muito. A morte se transformou em algo, tipo assim, quase uma mentira.

Uma vez li um livro, A Desintegração da Morte, do Orígenes Lessa, e era bem interessante. De repente a morte já não existia. Você poderia ser baleado, estripado, estar com doenças degenerativas realmente dolorosas. Mas não morria. Já pensou que absurdo viver pra sempre. Tentaram matar o cientista que conseguiu desintegrar a morte, pois a nossa sociedade esta baseada no fato de que algum dia iremos embora. Claro que ele não morreu, ficou sangrando eternamente.

A esperança que eu tenho, que me mantem digna de viver é que um dia vou morrer, tem que haver um outro lado, uma outra vida, sem capitalismo. Um lugar em que a matéria não exista, onde o capitalismo seja apenas uma lembrança má da vida anterior (tem que existir a lembrança, vai lá que mesmo depois de morto a alma invente, ou reinvente, este absurdo de se viver apenas pra ganhar e gastar).  Só falta morrer e chegar num lugar onde as bases sociais são tão hipócritas como as daqui. Será?

Não sei se acredito no céu e inferno, não sei mesmo, não me sinto no direito de duvidar, mas também não me dou a satisfação da crença, da fé. Imagino que o céu pode ser inferno pra uns, e vice versa. O meu inferno teria que ser viver eternamente aqui, gosto daqui, de algumas coisas, o que transforma este lugar num inferno é a maneira como as pessoas vivem. O ódio que sentem umas das outras, mesmo se amando se sacaneiam. Claro, não todos, mas muitos. Meu marido estava lendo um livro de 18....e alguma coisa, que falava de como era o céu, bem eu não me lembro direito, mas ele disse que lá as pessoas não precisam falar, apenas leem pensamentos. A palavra corrompe. O ser humano é incapaz de dizer o que pensa, e quando diz parece que o mundo desaba. Isso é realmente um inferno. A conciência censura as verdades. Vivemos num eterno marketing pessoal.

Temos que ser politicamente corretos e isso nos torna cada vez mais hipócritas. Não que a pessoa vá deixar de fazer alguma coisa, mas faz escondido, e mente, transforma seu dia a dia numa mentira de felicidade e entretenimento. Nada contra, mas só isso faz a miséira da alma.
A alma precisa evoluir, expandir seus horizontes, se transformar, amadurecer. Mas não pode, pois precisa ser jovem, pois ao contrário, a sensação de morte se faz presente.

É pra isso que estamos aqui, pra crescer. Não pra juntar dinheiro e poder material. Mas como fugir disso?

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Só com calmante

Fosse uma ambulância me internaria, uma viatura me prenderia. Tal o grau de loucura, ira, ódio que se apossou de mim. Totalmente sem controle sobre minhas emoções. Por que? Ué, levei uma multa. Não só isso, levei uma multa porque tive que esperar mais de 3 horas por uma consulta médica particular, numa rua onde há uma feira nas terças (eu sou obrigada a saber?), e após às 12 horas não se pode mais estacionar. Tudo bem, a placa está lá, mas atrás de uma árvore e no meio da rua, estacionei na esquina. Nada demais se o dinheiro da multa fosse usado em algo útil, porém apenas a máfia da Diretran sabe pra onde vai o nosso suado cifrão.

Não apenas isso, mas a maneira como vivemos. Trânsito, empresas que nos arrancam cada centavo, trabalho imbecil. Tá, vamos tomar um calmante, beber ou se drogar, assistir a novela das nove e acreditar que somos cidadãos e através dos nossos votos vamos exercer a democracia.

Democracia não existe no capitalismo. Isso é fato. O mais poderoso sempre vai foder com o mais fraco, mas atualmente este goza com essa fodeção. Bom, muito bom, mas como a foda é sem amor, o poderoso vai te deixar na mão quando você menos esperar. E nem vai te ligar, a não ser que seja pra te cobrar.

Então atualmente consumimos, temos entretenimento, prazeres, e as vezes nem precisamos pagar pra esse consumo, pois a internet nos dá muitas das coisas que antes eram intocáveis, ou mesmo caríssimos. Podemos baixar musicas, ler livros, conhecer virtualmente cidades, países...Mas temos que ser fiéis a operadora por um ano, e te garanto que quando você não confiar mais nesta telefônica da vida, a multa não será paga por quem cometeu a infração, mas por quem está querendo a separação no tempo inferior ao estipulado no contrato.

E o trabalho, este dignifica o homem, sim, claro, mas e o emprego? A pessoa acorda às 7 da matina, muito feliz de ter que sair de casa pra passar 8 horas numa sala com pessoas escolhidas a dedo para satisfazer a sua condição moral de empregado. São oito horas, OITO HORAS, pra você ficar atrás de um computador, ou tentando descobrir o que fazer. Claro, você pode estar numa empresa de telemarketing e passar esse tempo ligando, cobrando, oferecendo...Pra quem ganhar o dinheiro? Ou você pode fiscalizar, informar, vender, contar, desenhar, analisar...Atualmente existem tipos variados de empregos e trabalhos, pode-se até mesmo trabalhar em casa. Sensato isso. Mas existe uma diferença grande entre trabalhar e ter um emprego: no primeiro você trabalha e no segundo se está empregado. No primeiro você trabalha, no segundo cumpre horário. No primeiro você trabalha, no segundo tem décimo terceiro e férias. No primeiro o tempo pode ser útil e no segundo o tempo é, muitas vezes, perdido. Mas o grande problema: no trabalho não há segurança e no emprego a estabilidade é psicológica – tá temos o seguro desemprego, FGTS...

Mas pra que ganhar dinheiro? Pra consumir, ter, poder pagar por todos os supérfluos e por todas as contas e impostos que nos são jogados goela abaixo, ah, não esqueçamos as multas e os seguros.

Então o que fazer? Trabalhar ou ter um emprego, desde que o dinheiro entre e tomar calmantes, drogas e cerveja pra qu eu não me suicide, ou acabe num hospício, ou até mesmo na cadeia. E neste último caso, talvez uma hora dessas eu escreva de porque serve a polícia. Alguém sabe?

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Somos todos necessários!

Pode ser que eu esteja batendo na mesma tecla, mas quase sempre escrevo sobre o que vivencio, e com uma criança de 3 anos em casa, com a TV ligada praticamente sempre no canal infantil Discovery Kids, não tem como não escutar as campanhas politicamente, ecologicamente, socialmente e “etceteramentes” corretas. Corretas?

Mas quem são os necessários?
Os bichinhos, sapos, formigas, você e eu, pra salvar o planeta Terra.

Em primeiro lugar: o planeta Terra sobreviverá a tudo e a todos, a não ser que exploda. Quem pode sofrer pelas cagadas feitas durante os últimos séculos por pessoas interessadas em lucro somos nós, quem sabe o ser humano se acabe, se autodestrua. Segundo: quem é necessário pra salvar o planeta não está muito interessado neste canal, nem nesta campanha. Prova disto foi a Conferência sobre o Clima, que foi um fracasso, pois os acordos que deveriam ser realizados poderiam prejudicar a economia dos países líderes em poluição. Empresas, corporações gigantes e os presidentes das grandes nações não se importam com a população, mas com os lucros. Então os realmente necessários para que haja uma mudança não estão nem aí. Terceiro: por que o canal não questiona as corporações que produzem produtos com quinhentas embalagens desnecessárias (sucrilhos, por exemplo)? A necessidade dos carros? O público do canal são crianças pequenas, quem sabe (não sei mesmo, não sou nem psicóloga, nem pedagoga) se desde já colocarem na cabeça deles que andar de bicicleta é muito bom e ter carro é muito ruim, eles não deixam de comprar carros quando crescerem, assim como a campanha contra o cigarro. Seria bem mais interessante do que usar o papel dos dois lados.

O planeta está vivo, como diz a campanha, logo ele responderá as ações que foram e ainda são feitas contra ele. Não adianta não deixarmos a água ligada enquanto escovamos os dentes, usar a sacolinha retornável, separar meia dúzia de lixo, para nos isentarmos da culpa. Ferrou, meu bem. A besteira já está feita. O clima já está “anormal”. E a culpa com certeza não é minha, nem tua. A não ser que algum acionista do Wal Mart, Coca Cola, Ford, ou afins, esteja lendo este blog. Não há nada que possamos fazer. Ou melhor, quem sabe não consumir mais supérfluos, mas estes sim se tornaram necessários, muito mais do que as araras, pelo menos para a população necessária* dos centros urbanos.

Só para finalizar com chave de ouro. Fui pesquisar uma imagem para colocar no texto e entrei no site responsável pela campanha na Discovery. Um dos patrocinadores é a Fiat, acho que o maior se não o responsável, a maior parte das dicas são extremamente supérfluas, como as que dei em aí cima: sacolas, fechar torneira e dar carona. Agora você entende porque não se toca nas feridas? Quem quer “conscientizar”, na verdade é o que destrói. Esse é o jogo, e depois ainda me chamam de paranóica.

Olha o site aí para não dizerem que estou mentindo



*consumista, os marginais e mendigos são menos necessários do que as formigas.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Beleza?

A beleza não é algo que vem de dentro, ou melhor, ela é interiorizada pela estética imposta pela sociedade.
Ser magra, sem pelos, não envelhecer e ter o corpo atlético é o ideal atual. Estar com as unhas feitas e cabelo penteado são pequenos sacrifícios que se faz para mostrar ao próximo que existe a preocupação com a vaidade. Até mesmo uma demonstração de higiene (tirar cutículas e arrancar pelos com cera realmente são super higiênicos).
Porém para que tanto sofrimento? Quem repara nas suas unhas e virilha? O corpo magro também não é a preferência entre os homens. E com certeza os pelinhos não seriam tão indesejados se a ausência deles já não tivesse sido interiorizados como padrão feminino de beleza.
Quantas mulheres se depilam pra ficar cheia de roupas? A maior parte só vai sofrer quando o verão está próximo e os biquínis serão retirados das gavetas. Mas e daí que seu marido, namorado ou afins não se importam, ou mesmo que ninguém se importe. Em algum momento você vai achar que alguém está olhando para aquele ponto estratégico. E aí é que mora a porcaria da interiorização da moda das sem pelos.
Não adianta achar que porque não liga pra vaidade é que estará isenta dela, ela te ataca e te deixa paranóica se não a seguir. Então é mais fácil fazer algumas concessões e deixar a luta para os inimigos mais poderosos neste campo, como as plásticas e academias.