terça-feira, 20 de novembro de 2018

Permissão?

Eu também estou fraca, ou sempre estive, pois sinto vontade de desistir, mas ao mesmo tempo continuar, afinal a diversão da vida é esta adrenalina. 

Sinto necessidade de fazer imagens, é preciso criar estas imagens, estes sonhos. A realidade atual é abstrata! E é construída pela vontade de uma parte da energia. Ou manipulada ou porque é assim mesmo. Será que eu não sabia que as pessoas poderiam ser ruins ou eu fui levada a acreditar que o amor e a gratidão estão presentes em todos? 

Claro que sei que há canalhas… hahaha, como sei! Mas uma multidão assim? ah, tá, claro que é possível haver tantos canalhas, afinal, para ser canalha é só deixar aflorar esta parte prepotente, vaidosa e medrosa, as vezes covarde. É fácil não ver o outro. Muito mais fácil do que nosso discurso de pessoas corretas que ama a humanidade, os cachorrinhos, os gatinhos e as capivaras está acostumado. Tenha o sentimento de pertencimento: um filho, um orgulho, uma paixão…ou tudo isso junto, e poderá compreender que são os pesos das escolhas (nem falo de moral e outros). Como lidar com a instabilidade política? Ideais? 

Ai como sou covarde. Como sou inútil perante toda essa insensatez. O que me salva são as conversas, os sonhos … e o vinho… e a cerveja…um misto de ilusões, pois como vencer algo que nem sei o que é? Parece ser apenas um monstro imaginário que está sendo alimentado por ele mesmo. Pois de alguma forma ele cresceu deste medo. Não é físico, mas um sentimento de que o canalha, ou a canalha, mora ao lado, está à espreita. Esperando você se expor para dar o bote. E se expor é simplesmente contradizer as regras daquele amiguinho gente boa do fascismo: o mercado. Falou algo que eu não gosto!? A empresa é minha e te mando embora!

Quando ouvi a frase tentando lembrar a do Brecht, de que o fascista é o liberal que não deu certo (a frase correta é “Não há nada mais parecido a um fascista do que um burguês assustado"), veio várias faces na minha frente. O liberal nunca dá certo, ele sempre precisa de mais. Nada contenta uma pessoa vazia. Também, as pessoas vazias não criam. Estão mortas. E são como zumbis, precisam nos matar para continuar sua caminhada. 

Eu vivo isso há muito tempo. Não me encaixar numa sociedade empreendedora me faz ser odiada por conseguir me dar bem nela…Eu não preciso de muito dinheiro, ninguém precisa, até porque é ilusório. Existem outras formas de relação, mas é preciso ser muito mais do que um correntista na bolsa, um bancário ou empreendedor pra conseguir viver bem. E eu sei disso, o que me quebra as pernas é ter uma vida estável… quem disse que eu queria uma vida estável? Ela vicia. faz você se entregar pra não perder o tal conforto de saber o dia de amanhã. É isso, preciso sempre saber o dia de amanhã. Gente, mas isso é o que mais odeio, adoro surpresas!

segunda-feira, 26 de março de 2018

seu COMUNISTA


- Ah, mas você é comunista!
 - Cara, como assim? Como é possível ser comunista num mundo como o nosso? Tudo que está em nossa volta é fruto do capitalismo. Não há saída. Tudo foi capturado. Até os comunistas, que só conseguem viver cercados de luxo e defendem o uso do iphone como se não houvesse outra opção, e realmente não há. O mundo é capitalista. Pronto. Acabou, é isso. A guerra fria acabou e vcs venceram.
- Ah, mas o estado controla as pessoas? Pagamos mtos impostos!
 - Sério! o que vc espera do sistema capitalista? Gente boazinha fazendo doação para que todos tivessem a mesma linha de partida? Lamento meu caro, mas de utopia eu entendo. Capitalismo é ganhar dinheiro. Quem lucra mais, pode mais. Poder! Controle. O que vcs esperavam? Quem tem dinheiro controla o poder e vc, meu caro colega classe média empreendedor, é só mais uma peça no tabuleiro. Se não seguir os comandos, será descartado. Como o iphone do comunista. Afinal, capitalismo é isso: não serve? descarta. Faz outro. Matéria prima? Tem aos montes por aí. Ah, leis? Propina...ah, escândalo? corrupção? faz filminho, joga meme, jornal...distrai o povo que a roda da fortuna não pode parar.

E eu? bem, eu só queria ter uma casa no campo pra poder conversar com minha alma com mais calma. Ser algo além de uma profissão, um título, um número. Não tive essa oportunidade e ela parece estar cada vez mais distante.

Não há paz quando o mundo precisa de donos e a alma não se cala, ela grita que tá tudo errado. A voz do pastor não me engana. A voz da tv não me engana. As linhas não me enganam. E nem eu mais tenho esse poder.

O que somos está além da profissão e dos títulos, da matéria capitalista, da utopia da dignidade humana. O que somos está na alma e não se nomeia esta força!

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O olhar ao outro que recai em mim


Nada escapa da santa inquisição. Hábitos sociais medíocres são alvo de desmoralização perante a nobre presença. O olhar sobre o banal ou corriqueiro afasta a possibilidade de qualquer aproximação. Vários itens estão na lista do homem comum incompatível com o olhar inquisidor: cerveja, barba, rock, arnaldo antunes, frases de efeito relativas ao que mais se sonha e menos defini-se: liberdade. Ué, mas que sonho mais besta de se sonhar: liberdade no mundo do consumo? 

Ué, sem sonho não há vida, apenas realidade. As amarras, quando conhecidas, não nos deixam a liberdade do voar, um viva à diversão mundana, que é o nos sobra para passar esses infinitos anos que nos são impostos. Serei eu, que apenas a barba não uso por questões biológicas, destruída em meu castelo, me colocando diariamente contra a parede: até quando aguentarei ser algo que nem sei se consigo mais construir? Não me pese a alma mais do que já é, pois sou retalhos daquilo e mais disso, e nem sempre o disso sobrevive sem o daquilo. 

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

O Foco e a Fé


O foco não é o mesmo, simplesmente isso. Deve ser esse o argumento que uso comigo por não compreender o que escuto, vejo, percebo, vivo. 

O homem entra na panificadora. Um homem. Nada mais que um homem. 

Mas ele era negro. Mas ele pobre. Mas ele mais que pobre, era maltrapilho. Com poucos dentes, com roupas esfarrapadas. Não estava fedendo e nem bêbado, de pejorativo apenas os “mas”. 

Ao entrar as pessoas, sim pessoas, homens, mulheres e todas as outras opções, repararam naquele homem. Algumas repararam nas pessoas que reparavam o homem. Pois há um clima tenso no ar de que qualquer ação pode ser certa, ou errada. Mas aí só temos essas duas opções. E sair pela tangente requer jogo de cintura. 

As pessoas que se dirigiram ao homem disseram que não. Uma diz que o chefe não está. Essa pessoa, pelo que sei, é a chefe. Mas para se isentar da responsabilidade de negar algo, se posiciona como subalterno, algo que seu nariz empinado não permite em outras ocasiões.

Ao perceber o homem sair, uma mulher diz que lhe dá pão, paga o pão para o homem. Eu, que estava perto da mulher, não escutei o que o homem pediu, apenas o não da mulher, discreto, mas audível. 

O homem diz que não quer pão, pois tem muitos. Quer apenas um café com leite. A dignidade do homem está ali. Ele não quer uma coisa, quer outra. Mas e daí, que dignidade um homem com tantos “mas” pode ter? Mas ele tem. 

E sim, dê o café com leite a ele, por favor. A dignidade deste homem merece um café com leite, com açúcar e colherinha…deveria ter dado um copo de isopor também, afinal, eu pago. 

O homem saiu. Com seu café. 

Uma mulher agradece a pessoa pela atitute…ao que se é respondido que apenas algumas pessoas têm direito a caridade, já outras são mentirosas. Como isso pode ser tão claro? Bem, é o foco.