segunda-feira, 18 de julho de 2011

Politicamente correto

Eu desisto, vou procurar um psiquiatra e me tornar um ser normal. Acreditar na religião e na ecologia. Ser uma pessoa politicamente correta. Gostar de todos, para que todos me amem. Mas falar mal por trás. Como muitos.

Tomar remédio pra ser feliz. Ver novela pra viajar e ler um livro de auto-ajuda pra acreditar em mim. Quem sabe me espelhar em algum famoso da TV, encontrar a profissão dos meus sonhos. Ou melhor, comprar o carro do ano, aquele que aparece nas novelas globais. Quem sabe me sinta mais completa por ter uma TV de LCD.
Vou pra balada, conhecer pessoas e procurar minha felicidade. Preciso ser feliz, como naquela propaganda, aquela mesmo. Nas propagandas todos estão satisfeitos.
Não vou jogar lixo na rua, pois esse é o maior problema da poluição. Quando jogo o lixo no cesto um disco voador busca e leva pra um mundo paralelo. Vou usar os papeis dos dois lados, quem sabe assim a fábrica de papel pare de fabricar tantos papeis e até mesmo aquela construtora comece a reutilizar seus flyers. Ou então os mercados e lojas de departamentos anunciem suas promoções apenas por meios eletrônicos, sem ter tantos folhetos espalhados diariamente por aí.
Também não fumarei mais, isso na verdade já deixei de fazer, mas vou proibir todos em minha volta de fumar. Pois esta é a única causa de crianças terem asma, adultos câncer de pulmão e enfisema pulmonar.
Estou cansada de pensar diferente. Desisto de querer mudar de verdade alguma coisa. Se as pessoas são hipócritas, é porque gostam de ser assim. E eu é que estou errada, não posso mais ir contra. Vou aceitar tudo. Acreditar em tudo.
Pois cansei de ir contra a maré!


domingo, 10 de julho de 2011

PEQUENAS MISSES / Rosely Sayão

Filhos só podem ser projeto de vida dos pais se ele for bem mais amplo do que o futuro pessoal da criança 

Já recebi diversas mensagens e pedidos para assistir a um programa de televisão chamado "Pequenas Misses" (Discovery Home&Health). 
O titulo já me fazia imaginar o tipo do programa, e também tinha a lembrança de ter lido alguma crítica na imprensa. Mas, por causa da insistência, decidi assistir.

Era mesmo o reality show que eu imaginava. Entretanto, devo confessar: não esperava ver tudo o que o programa mostra. Você não teve a oportunidade de ver, caro leitor? Pois eu indico. Por quê?

Primeiro, porque é um retrato cruel do tipo de relação que o mundo contemporâneo aponta para os pais estabelecerem com seus filhos. 
Claro que a maioria deles não quer prepará-los, como mostra o programa, para participar de concursos de misses infantis. Mas e se tomarmos o programa como uma pista? Vamos analisar sob essa perspectiva.
E aí, vc acha isto bonito?
As mães e os pais mostrados no programa tratam seus filhos sem o mínimo respeito. As crianças, muito pequenas, são submetidas aos mais diversos tratamentos de beleza "que vão dos cabelos à pele, passando por sessões de bronzeamento artificial"", que são verdadeiras torturas para elas, com idades entre dois e nove anos.

Elas reclamam, apresentam expressões faciais de dor e até de desespero, fogem etc. E qual a reação dos pais frente a essas manifestações dos filhos? Ignorar solenemente. Eles pensam só no que eles próprios querem, nos seus anseios para os seus filhos.

E por que esse querer dos pais é diferente de quando as crianças são levadas ao médico, por exemplo, e apresentam as mesmas reações citadas acima? 
Porque cuidar de uma criança e educá-la, mesmo à sua revelia e ao seu contragosto, é parte do processo de formação de todos e, em especial, de uma sociedade melhor. É assim que mantemos a humanidade e o mundo.

Voltemos ao programa. Os filhos são também submetidos aos mais variados e intensos ensaios cotidianamente: de coreografias, caras e bocas, andar de passarela etc., apenas com o intuito de ter uma boa performance nos desfiles. E, de novo, os filhos recusam, fazem birra, brigam com os pais, que continuam a ignorar seus apelos para dar encaminhamento ao projeto que têm na vida.
Isso nos mostra que os filhos são tratados como posse dos pais. Esses se sentem no direito de agir como querem, sem considerar que a criança tem direitos que devem ser respeitados. 

Entre tais direitos, cito dois apenas: o de viver a infância e o de ser visto como um ser humano em formação que é distinto dos seus pais. Será que os pais do programa são muito diferentes daqueles que querem que os filhos aprendam precocemente, em vez de brincar? Daqueles que enchem a agenda dos filhos com aulas de todos os tipos?

Dos que procuram definir o futuro dos filhos do modo como eles arquitetam?
Creio que a diferença reside apenas em um ponto: os pais mostrados no programa agem de modo grotesco, enquanto os outros sempre parecem bem-intencionados aos olhos dos outros, da sociedade em geral. Mas, em todos os casos, os filhos são quase que ignorados em sua existência.

Os filhos só podem ser encarados como um projeto de vida dos pais se esse projeto for bem mais amplo do que o futuro pessoal da criança. 
Educar um filho para que ele contribua para a vida ética, para que tenha autonomia, para que aprenda a ter respeito próprio e ao outro, por exemplo, pode, sim, ser um projeto de vida dos pais.

Mas isso supõe olhar para o filho, ouvir o que ele comunica mesmo em silêncio, relacionar-se com ele afetivamente para ensiná-lo a se tornar um ser humano livre, autônomo e que tem amor à vida. 


ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Cuidado com o sol.

Cuidado com o sol.
Obsessão do nosso tempo.
Eu considero exagerado, sempre achei que havia algo por trás deste cuidado exacerbado, como passar protetor de 2 em 2 horas, ou em dia de chuva, é piada. E tenho encontrado ecos, segue texto de Luiz Geremias, meu amado, que por acaso me cita como a amada que o fez passar protetor...



Cuidado com o sol, cuidado com a sombra


Introdução memorial


O sol sempre foi entendido e tratado como nosso amigo, mas sempre houve restrições. Quando era criança, eu passava boa parte do tempo ouvindo que deveria “tomar” sol pela manhã, pois era mais saudável. O sol do meio-dia era proibido, terminantemente. No entanto, só me lembro de ter tomado sol cedo, bem cedo, quando era muito pequeno, meus pais me levavam, ou quando ia às sete da manhã para a praia na intenção de aproveitar as ondas que, segundo diziam, eram as melhores. E fiz isso muito pouco. 


O sol existia, para mim, a partir das dez da manhã. Nos tempos de férias escolares, ia a essa hora para a praia e só voltava tarde, às vezes às sete da noite. Não era exatamente o sol que me atraía, mas o mar. Esse era o meu fascínio e eu chegava a acordar de madrugada após pesadelos com ondas. A que vinha “lá trás” era sempre a maior vilã. Há ondas que pareciam ter nascido no outro lado do mundo, tal o tamanho e a distância da praia que escolhiam para “quebrar”. Tomei muito caldo, levei muita “vaca” tentando furá-las ou mesmo “pegá-las” no jacaré. Eram o meu terror e fascínio, as “rainhas”. 


O sol sempre estava ali, seja aberto, escaldantemente quente, ou encoberto, quando, por detrás das nuvens, ficava nos assando lentamente. Um dos motivos que me levava a ficar tanto no mar, não o principal, era o sol. Ficar na areia correspondia a me sentir como se um maçarico estivesse, incansavelmente, me fritando. Lembro que me assombrava com aquela gente, geralmente mulheres, que ficava lá na areia quente, lá em cima, longe do mar. O sol era muito quente, a areia muito quente, não havia como sobreviver ali. Mas tinha gente que conseguia, tudo em nome de um belo bronzeado ou de queimaduras que faziam a pessoa pensar em dormir num cabide. 


No início do verão, lá pelo meio de dezembro, começava a temporada de praia. E até março, quando voltavam as aulas, eu só vivia na praia. Minha vida era a praia, o sol, o mar. Sempre, nos primeiros dias, eu ficava esturricado de sol. Geralmente vermelho, muito vermelho, depois marrom, até que começavam as bolhas na pele que, em seguida, descascava. Eu nem ligava, queimava de novo, sobre a pele descascada. Aí, não descascava mais. Só ia voltar à cor natural, quando isso acontecia, lá por junho, no inverno. 



Corpo: inimigo número 1


Tomei muito sol, nunca passei protetor solar nenhum. Ou, mais precisamente, passei, por insistência de minha amada Karina. Se ela acha que é bom, por que eu não acharia? Mas, não gosto. 


Hoje, usar protetor solar é uma obsessão para todos. Trata-se, no meu ponto de vista, da mercantilização dos procedimentos de saúde, sempre havendo um produto para resolver o que o corpo não resolve. Tudo bem, no caso de doenças eu até entendo. Mas não falamos de doença, mas do sol e, para falar delas, toca-se no assunto de forma escandalosa e ameaçadora, no melhor estilo descrito no livro “A Cultura do Medo”, de Barry Glassner. Se você não usar o protetor, envelhecerá mais rapidamente, terá queimaduras terríveis e (ameaça máxima da contemporaneidade) desenvolverá câncer. Somente o protetor te salvará, se usado diariamente, de modo a que você tenha que comprar um a cada dois dias. Este é o sentido mais precioso do protetor, não exatamente a proteção. 


E sabemos que está sendo investigada, pelo poder público, a eficácia anunciada por esses produtos, com indícios de fraudes na composição e propaganda enganosa. Em 2009, matéria do paulistano Jornal da Tarde já falava sobre os engodos e, mais recentemente, foi publicada no jornal curitibano Gazeta do Povo reportagem que também dá conta de que as autoridades andam desvendando alguns truques usados para a venda de proteção contra o sol. 


Aliás, o que se inventa e comercializa de produtos contra a natureza ou os ciclos naturais não é brincadeira. O corpo parece o nosso inimigo número 1, que o digam as tatuagens e perfurações diversas, além dos contraceptivos e reguladores intestinais. 



Dois consumos


Tá certo usar o protetor em casos extremos, quando você viaja para um recanto paradisíaco cheio de sol e com um lindo mar azul. E se você faz isso é, geralmente, porque mora numa cidade na qual o sol só comparece de vez em quando, fica um pouco e parte rapidamente, como médico de serviço público. Aí, você pensa bem e entende que sua pele está mais branca do que neve. Calcula o impacto que a bola de fogo solar terá sobre ela e conclui que pode usar um produto para impedir um estrago acima do esperado. Aí, tudo bem, é consumo consciente. Mas, usar protetor solar todos os dias? Quem sabe renovando a camada a cada meia-hora? Bem, isso é consumo, só. 


A diferença entre um tipo de consumo e outro está no fato de que um parte de uma pessoa que adquiriu uma identidade, enquanto o outro é movido por uma pessoa bem identificada com todas as mensagens publicitárias que lhe dizem, a cada minuto, quem ela é ou deve ser. E incluo na publicidade, nesse caso, muitos dos pareceres médicos. 


Cuidado com a sombra


Mas, afinal, pobre cidadão urbano. São tantas ameaças, a fumaça do cigarro do vizinho, a gordura trans, transgênicos, coliformes, bactérias, vírus, hormônios, a violência, o fisco, o rapa, o Talarico e, finalmente, o sol. Parece preciso monitorar essas ameaças e convertê-las em fonte de recursos para a criação de novas ameaças e soluções, num moto contínuo. Assim se move o capitalismo pós-industrial. Agindo no mote da produção destrutiva, gere o medo como forma de infantilizar e, com isso, consegue vender seus produtos a pessoas que parecem andar precavidas contra a própria sombra. 


Afinal, pense, é graças a você que a sua sombra não toma sol. É você quem compra um suprimento de protetores, se expõe às radiações ultravioleta, enfrenta os raios UVA e UVB e ela ali, sempre atrás, sem riscos, livre do câncer de pele. 


O problema é que quando alguém começa a pensar assim, seja em relação a sombras ou pessoas, é sinal de que já se transformou numa sombra de si mesmo.


sexta-feira, 1 de julho de 2011

É impressão minha, ou estamos sendo enganados?


Eu já tinha ouvido falar disso. Não dei mta bola, afinal, até agora não me encheu o saco. Mas acho que pode começar a encher. E Então, mas uma vez não dará em nada. O que se pode fazer nesta situação? É foda!
01 de Julho de 2011
Tecnologia

Nova tomada elétrica brasileira torna-se obrigatória hoje

Desde esta sexta-feira, está proibida a venda de aparelhos sem a nova tomada elétrica brasileira. O desrespeito à regra pode acarretar multa de até R$ 1,5 milhão

Logotipo Exame.com  A nova tomada elétrica brasileira, que é incompatível com as que são usadas em outros países e com boa parte dos aparelhos em uso no país, torna-se obrigatória a partir de hoje, 1º de julho. A empresa que for pega vendendo aparelhos elétricos com tomadas diferentes do padrão oficial pode ser multada em até R$ 1,5 milhão.
O novo padrão foi desenvolvido por um grupo coordenado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e integrado por fabricantes de aparelhos elétricos e de plugues e tomadas. Estes últimos são os principais interessados na troca, já que ela deve gerar um grande volume de vendas de adaptadores e de tomadas.

Para o consumidor, a vantagem da nova tomada é que ela reduz as chances de choques elétricos ao conectar um aparelho. A posição rebaixada dos orifícios torna impossível, à pessoa, tocar nos pinos quando eles estiverem energizados. Mas o novo desenho não acaba com o problema de existirem duas tensões residenciais em uso no Brasil – 110 e 220 volts – com o mesmo modelo de tomada.
Na contramão - O novo padrão foi inspirado numa norma da International Electrotechnical Commision (IEC 60906-1), mas não é totalmente compatível com ela. A IEC especifica a tomada com dois ou três pinos redondos e formato sextavado similar ao adotado no Brasil, mas apenas para redes de 220 ou 230 volts. Para 110 ou 120 volts, a indicação da IEC é o uso de pinos chatos, como os empregados nos Estados Unidos e no Japão. Na contramão da norma internacional, a comissão da ABNT adotou desenhos idênticos para as duas tensões. Assim, continua existindo o risco de alguém queimar um aparelho de 110 volts ao ligá-lo, acidentalmente, a uma tomada de 220 volts.