sexta-feira, 29 de novembro de 2019

escritas abstratas

Eu sempre gostei de escrever, mas nunca fui uma pessoa estudiosa. Lia bastante e tinha noção da nossa língua portuguesa, mas me confundia com regras ortográficas ou de sintaxe, ou tudo junto misturado. Fiz diários, e, com a adolescência que tive, deve-se ter ideia que o conteúdo desses caderninhos não eram assim tão básicos. 

Criei códigos, claro, mas mesmo assim decifraram, leram e descobriram um monte de coisa que eu tinha escrito pra mim.Travei. Não escrevi mais, afinal meus sentimentos foram usados contra mim. Meu passado me condenou… mas, ele que leu, que se virasse com as informações. Falei da boca pra fora, pois eu não teria porque justificar a minha vida. Mas travei.

Eu escrevo pro meu trabalho. E tudo que escrevo preciso revisar mil vezes, e sempre que possível passo pra um revisor. E sou bem consciente dos meus erros. Confundo E com I, O com U, e ainda tem X, S, Z, Ç… e todas as porras das letras que fazem os mesmos fonemas. Sou aérea e vivo no mundo da lua (um pleonasminho básico). Começo uma ideia aqui, me perco e só lembro dela lá no final. Para o trabalho existem regras básicas e tento segui-las… tento.

Algumas semanas atrás me falaram que por eu ser jornalista teria que ser exímia na Língua Portuguesa… e fiquei pensando porque exímia não é com z. Né? E não sou exímia em nada nesta vida, lamento informar.

E eu gosto de escrever, de desabafar, ultimamente desabar mesmo. Não aguento mais tanta tristeza dentro de mim. Tanto medo também. A falta de perspectiva me assombra da hora que levanto até a hora que deito. É culpa do Bolsonaro? É? Também. Mas é culpa de um todo, sabe? A gente vive num mundo fútil, que quando a gente desabafa, nos corrigem a gramática (:/). Não é só isso. E meu pseudônimo não é jornalista, está aqui apenas para desaguar aquilo que eu não posso jorrar pra fora. A censura me mata. 

Claro que outras coisas são temas dos meus textos, mas este escrevi porque eu precisava entender o porquê de não escrever mais. Tenho medo mesmo. E aí os pensamentos estão aqui, guardados de forma abstratas, já que eu tinha por hábito ordenar os sentimentos quando colocados no papel. Então não leiam mais o que escrevo, pois preciso me centrar novamente, se não deixarei de existir.