terça-feira, 8 de dezembro de 2009

CIDADES

Não adianta fugir e se esconder no meio do mato, pois as árvores não vão quebrar o galho de ninguém. Mas nem por isso fiquem pensando que isso que vocês fizeram com suas cidades é uma coisa normal. Elas são o mundo cão onde a maioria está num mato sem cachorro. Vocês que, com seu egoísmo e suas boas intenções, fizeram de seus habitats um amontoado de gente sozinha, sem pai nem mãe, império do salve-se quem puder. E, pior, cada um por si e Deus contra, como disse o Alberto Centurião.
Nas suas cidades vocês têm todas as desvantagens da falta de espaço natural mas, apesar do empurra-empurra, não aprenderam a desfrutar das vantagens de uma vida amorosa, feliz e solidária. O vizinho pode morrer seco e arreganhado; o irmão, com as mãos à feição de conchas, pode beber água da sarjeta; assim mesmo, vocês não hão de desgrudar o traseiro individualista nem para buscar pão para a mãe querida.
Mas quem são vocês? Originais de onde? Babilônia é sua terra natal? Tudo tem que dar certo? Tudo tem que dar lucro? Tudo tem que ter um preço? De quem vocês estão se defendendo? A quem você atacam?
Ainda bem que existe um outro coração por trás dessas cidades, e, somente ele, por atrito benevolente, vai extrair, de vocês, hoje pedras brutas, o brilho do sol da nova aurora humana. Que assim seja, Mautner!

Antonio Thadeu Wojciechowski e Roberto Prado

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