sábado, 11 de dezembro de 2010

Ser mãe é padecer no paraíso

A minha filha já vai para quatro anos, neste tempo passei por várias fases. E que fases.

A frase de padecer no paraíso é uma realidade incontestável, que só fui compreender após ter dado a luz. Ninguém sem ser mãe, nenhum homem é capaz de imaginar o sofrimento de se deixar para ser algo de alguém. Abrir mão da autonomia, do tempo (integral), do corpo, para cuidar. Não digo nem educar, isso é uma coisa social, mas estar presente mesmo quando não está junto. É não dormir mais, não planejar sem antes ver se há condições para o pequeno rebento. E digo isso de tudo, desde planejar o almoço até a viagem de final de ano.



Na primeira fase, que acredito ser do nascer até os 3 anos, mais ou menos, ser mãe é apenas ser mãe. Até tentei ser mais mulher, mais profissional, mas parece que fica tudo pela metade. Pode até ser algo hormonal, pois irritações são freqüentes. Tem vezes que me vejo sendo uma pessoa realmente brava, coisa que era raro antes de ser mãe. Até porque há a adaptação de “deixar” de existir. O primeiro ano é realmente o pior. Está ali um pequeno ser e ninguém mais te vê. Quando ligam é pra perguntar da cria, e a impressão é que a mãe é apenas um colo e um peito cheio de leite. Depois me acostumei e fui colocando os pontos nos is. Reclamei mesmo, eu existo, oooiii.


Autonomia? Bem, não é nem por questões externas, mas parece que deixei de ter. Não sei se porque parei de trabalhar, mas não sentia que era dona de minha vida, quem sabe da vida da minha filha, mas não da minha. Um dia uma funcionária de telemarketing ligou aqui em casa para vender algo. Disse que ela precisava falar com meu marido para resolver a questão. Ela me questionou se eu não tinha autonomia. Fiquei fula da vida, até porque só disse isso pra me livrar dela (e que autonomia ela tem pra me perguntar isso?). Mas repensando, realmente os assuntos externos à maternidade perdem a intensidade e são terceirizados.


Acredito que este sentimento pode ser causado pela criação que tivemos. Pois não estamos satisfeitas em ser mães, temos que ser várias coisas ao mesmo tempo. Antigamente as famílias eram maiores, moravam todos próximos. Agora somos “independentes”, precisamos trabalhar, ter dinheiro, estarmos lindas e maravilhosas, a casa arrumada, a unha feita e fazer amor, ser uma mulher completa. Dá? Alguém consegue? Quem sabe com uma empregada, mais uma babá, um motorista...



Bem, voltando. Depois o neném cresce. E aí o que você perde é a cria. Ela já é uma criança e não precisa mais tanto de mim, ou sim, pois muda o tipo de dependência. Então, pensando bem, ser mãe é padecer no paraíso para sempre e sempre...pois por mais que eu volte a ter uma vida, sempre haverá o cuidado.

2 comentários:

  1. Exatamente! Assino em baixo!!! É ruim mas é maravilhoso ser mãe!!!!!!!

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  2. Oi karina! Vi sua passsagem por meu blog e resolvi visitar os seus tb! Gostei deste texto sobre a maternidade, embora estas constatações dêem um pouco de medo tb, p/ mim q estou grávida e vou ser mamãe! Mas é bom ler de tudo, saber as realidades.
    Bom "revê-la", e até mais!

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