sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Datas roubadas



A Alice veio me perguntar se vou rezar pro meu pai. Eu falo com ele todos os dias. Nunca na minha vida vou entender esse negócio de se criar um dia pra fazer algo específico. Aliás, sei como finados, natal, páscoa... foram criados, e além da pasmaceira social que se tem que fazer nestas datas, não sou parte dessa crença. Dentro de mim, todas essas datas comemorativas soam como uma grande farsa.  

Na minha alma sinto que essas datas encobrem um sentido real de contato com o mundo invisível. Elas tinham sentido. O Natal e a Páscoa eram datas que comemoravam a virada de estação. Um agradecimento aos deuses e um pedido para que os espíritos lhe concedessem boas colheitas. O próprio finados, data comemorada hoje, era para os Celtas o fim de um ciclo, de um ano produtivo, era quando a colheita tinha acabo de se encerrar e de ser estocada para ser consumida nos meses frios e escuros do inverno neste período nesta região. 

Nesta celebração do fim de um ano, acreditava-se que este seria o dia de maior proximidade entre os que estavam encarnados e os desencarnados. Nas festas, de muita alegria e comemoração por este fato também, cada um levava algo como uma vela ou uma luminária que era feita em gomos de bambu (ou abóboras), a fim de se iluminar os dias de inverno que estariam por vir. 

O povo e as terras Celtas foram dominadas pelos romanos, famosos por suas armas e estratégias de guerras e conquistas, porém pobre em intelectualidade. As culturas se misturaram e expandiram. E com a criação do cristianismo essa data (como todas as outras) foram transformadas em festas católicas. Pois era a melhor forma de fazer com que os pagãos se transferissem para a nova crença imposta pela igreja. Eles poderiam ter sidos originais, não acham?
Mas claro que com a mente direcionada para o material, esqueceram que essas crenças estão guardadas nas nossas almas, e nem com a Inquisição conseguiram apagar isso da memória do mundo. 

E não me rebelo contra quem vai aos cemitérios, isso pouco importa pra mim. Na verdade não compreendo porque as pessoas dão tanto valor a vermes, pois é isso que tem a 7 palmos da terra: ossos e vermes. Acho idiota. E contraditório. Pois se Jesus veio até aqui, morreu, ressuscitou, falou um monte sobre o amor e  Reino de Deus e continuamos a valorizar a matéria, é porque não foi entendido algo. 

Ninguém segue o que ele disse...Gente, as pessoas vão na igreja e escutam e leem essas palavras no livro mais famoso da cultura ocidental, mas simplesmente ignoram e julgam o próximo com falso moralismo. Confundiram a frase do "ame ao próximo como a ti mesmo" e acreditam que só podem amar os iguais. Não, isso é uma distorção. Ame, independente do quão diferente o seu irmão de mundo é, e não falo de cor, mas de crenças. Pois fazemos parte de uma mesma alma, enquanto um ser sofrer, todos sofreremos. 

E finalizando, todos nós morremos, e o que importa é como você amou, como você foi solidário, como tratou os irmãos de mundo. Não as porcarias das flores no túmulo

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