Pedras de fogo caem do céu e todos correm. Medo de morrer,
medo do desconhecido. Passaram a vida toda escutando sobre o tal reino dos céus.
Deus. Um tal de Jesus que veio e reencarnou. Todo santo ano a mesma ladainha,
as mesmas músicas e enfeites. Compras. Inferno no estacionamento. Ceia farta.
Programas especiais na semana natalina e presentes.
E aquelas pedras caindo do céu. Pessoas desesperadas.
- Oh, meu Deus, por que eu?
- Oh, não quero morrer!
Pessoas se escondem e rezam nas igrejas que são atingidas por
bolas incandescentes, cruzes ardem e estatuetas ocas se desmancham. Fim do
mundo? Apenas meteoros. Apenas a morte. Morte tão viva, presente em toda a
história. Um pouco mais do que apenas uma morte, mas uma limpa. Uma catástrofe
que tira os covardes, os sem alma, o material.
A igreja, casa do deus materializado pelo homem carnal. Do
deus que é a sua imagem e semelhança. Mesquinho e tirano.
As bolas de fogo caem sobre todos, poucos sobrevivem, crianças
inocentes, nem todas, pois muitas já estão dominadas pelo pensamento material,
de que deus se transformou em homem e criou uma igreja com um monte de padre e
dogmas. E regras e imoralidades.
O fogo se espalha pelas ruas, atinge as escolas, centro de
adaptação ao mundo, à sociedade. Queimam cadernos e carteiras, livros que
transportam histórias criadas para doutrinar o não questionamento. Pessoas imploram
para que não sejam levados ao Reino de Deus.
Um desastre, uma chuva de pedras de fogo para limpar e
deixar apenas os que creem no amor. Na solidariedade. Sem casas, carros e ruas.
Mas sabedoria e compaixão.
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