segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Hipocrisia: eu quero uma pra viver

Quando era jovem, menina nova, acreditava que precisava de uma ideologia. Nem sabia direito o que era, mas queria ter. Pretendia lutar pra mudar o mundo. Queria justiça.
Diferenças sociais sempre me incomodaram. Não sabia por que a aparência era mais importante do que meu sentimento. Mesmo se eu estivesse infeliz precisava sorrir e responder bom dia.
Durante um tempo freqüentei algumas igrejas, como a Católica, Batista e a Adventista: meu Deus, o que fizeram de Ti e das suas palavras?
Procurei grupos que pudessem pensar de forma parecida com a minha. Mas mesmo os mais podres punks, colocavam a estética na frente da tal  ideologia. O discurso anárquico era decorado e vazio. Mesmo pra ser anarco punk era necessário dinheiro, capitalismo pra que te quero: pinga não é de graça. Andei com os hippies também, aprendi a fazer artesanato: quem sabe dessa maneira conseguiria minha tão estimada liberdade. Mas ali a droga também imperava (e os piolhos). Foi triste, devastador saber que nem punk nem hippie poderiam servir de companhias para minha jornada, pois eram todos subprodutos do mercado (era só ver como nasceu o sex pistols, mas só fui compreender quando li Mate-me por favor).
O tempo foi passando, e eu percebi que não mudaria nada com minha rebeldia. Acho que desisti um pouco antes de fazer 16 anos. Resolvi que não faria nada. Morrer era a melhor opção neste mundo medíocre e hipócrita. Mas não morri. também tinha medo de me suicidar. Sabe lá o que encontraria do outro lado. Fui levando.
Nessa época descobri um pessoal que não era nem religioso, nem hippie e nem punk, e nem nada. Jovens apenas. Ensinaram a ouvir boa musica, respeitar a natureza e a me amar. Sim, havia amor no mundo. E estava dentro de mim. Parei de sentir tanto ódio e resolvi voltar a estudar e crescer. Queria aprender como mudar o mundo.
Lembro que voltei pra Curitiba, (estava na Ilha do Mel) e fui atrás de escola e me preparei emocionalmente pra ter uma vida normal. A minha primeira opção foi biologia, estudar a vida e como a defender. No segundo eu já estava com outra percepção de mundo, em um ano as coisas mudam. Prestei para  sociologia, pois de que adianta defender a vida se não entendemos nem a nós mesmos? Porém não consegui passar em nenhuma das duas, pois ambas eram na federal e fui fazer jornalismo numa faculdade particular. E pra que serve o jornalismo? Na minha cabecinha ingênua servia pra tentar esclarecer o mundo que podíamos melhorar. Mas no passar dos anos entendi que o mundo não quer melhorar.
E é duro descobrir a realidade. Dói!
A minha alma não se consola de ter que continuar a viver com as pessoas cometendo os mesmos erros. Votam nos mesmos políticos, compram das mesmas empresas canalhas e xingam o presidente do mesmo jeito. Há anos repetem os mesmos discursos. Mudam o meios, mas não as más intenções.
E não adianta eu subir num palanque e gritar. Ou então twittar e escrever no Facebook, blogar. Acho que nem colocar no Fantástico resolve. Pois é assim que esta sociedade vive: na hipocrisia. E me desculpem, por mais que eu tente, a minha alma não consegue simplesmente ignorar tamanha burrice!

HIPOCRISIA: EU QUERO UMA PRA VIVER!

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