segunda-feira, 10 de junho de 2019

Narrativa à deriva

Eis que me sobra um tempo no dia. Não é normal isto acontecer, quase sempre o dia está tomado e quando os compromissos acabam, já existe algo pré combinado, pode ser a produção de uma sopa pra família, uma cerveja com os amigos, um tempo pro marido... coisas do tipo. Ficar sem fazer nada é quase um pecado. Tanto é que não consegui ficar sem nada pra fazer, o simples ato de pensar num papo que tive com o Luiz hj de tarde, no carro, a caminho de uma reunião, me empulsionou a escrever. O assunto: pessoas boas e más. 

Vou começar do começo. Contei que tinha visto que quem nos salvou do escola sem partido foi o Romaneli, que durante um tempo foi um aliado, depois virou um traíra e neste momento os traíras voltaram a ser aliados. Lembrei do Caputo, em reunião contando sobre o clima na ALEP e como está difícil debater qualquer pauta decente naquele ambiente. Ambos eram situação à nossa oposição, porém com a canalhice que se impôs com a atual bancada BBB (bala, boi, bíblia) os vilões viraram mocinhos e os monstros que se apresentam são simplesmente terríveis. 

Ao falar isso o Luiz me contou sobre a criação do romance ou novela, desde que se criou as narrativas (acho que na renascença), vivemos a vida romanceada. As histórias têm começo, meio e fim e somos ou do bem ou do mal. E ao viver assim, somos vilões ou mocinhos. Porém a vida é ampla e complexa. Sendo que nossas histórias não são um texto narrativo, mas ao aprender a conta-las assim, nos colocamos nestes papeis rasos. Refletindo nisso, neste momento de ócio, imagino que ao entrar num processo político angustiante como o de agora, esperamos um final. Mas não há final. As histórias não têm fim e nem somos bons ou maus. (Tá, o Bolsonaro e toda a sua gangue sim).

(...E claro que me chamaram pra fazer alguma coisa, vamos ver se consigo manter a linha que eu gostaria neste texto, afinal, se não tiver um começo, um meio e um fim, ficaremos à deriva sem entender nada...)
Voltando: 

Uma das teorias é que atualmente vivemos dilemas éticos por termos diversos grupos morais compartilhando o mesmo espaço. Caso a gente queira dar prosseguimento aos direitos humanos básicos, é necessário criar um consenso. Também podemos pensar que não é necessário que tanta gente assim viva no mundo, e tem mta gente que pensa assim, neste caso precisamos estabeler uma forma de não nos extinguirmos, e tbm manter um planeta habitável para uma parte da população, privilegiada, claro. Porém nenhuma das duas linhas de pensamento estão sendo seguidas. Em ambas o espaço está sendo destruído. Será pq, talvez, seja mais fácil matar grande parcela da população com a maioria imaginando o fim do mundo e depois se reconstruir em clima de mad max? Mesmo usando o relativismo da moral, em que tudo está certo, teríamos um desastre para todos os níveis da sociedade. E tudo estaria errado? Ou não, quem disse que sabemos o que realmente acontece na matrix? Minha função é questionar, tentando assim ir além da moral vigente, esta frágil que nos resta transformada em moralismo. 

No final das contas não somos seres bons ou maus, mas somos bons e maus. Não fazer para o outro aquilo que não quero que façam para mim é bonito no papel, mas nem sempre o outro tem os mesmos desejos que eu. Pode ser que meu desejo seja dominar o mundo e acabar com 30% da população. Ah, mas isso não é cristão? Oh! bem, o Bolsonaro disse isso e dizem que ele é o próprio Deus encarnado... Gente, sera que Jesus era como o Bolsonaro e reinventaram a história sendo Cristo o maior fakenews de todos os tempos? Mas mesmo se eu quisesse ser uma pessoa diferente do Bolsonaro e não quisesse matar 30% da população, mas tentar deixar as pessoas mais felizes, tranquilas. E quem disse que consigo realmente ter domínio total dos meus sentimentos? Ah, poderia dizer que dos sentimentos não, mas dos atos sim. 

Poderia... mas sabemos que não somos assim. Você é?

E aí todos os atos bons serão anulados pelos maus? Quem sabe isso dependa da moral vigente da nossa sociedade, que atualmente está bem distante da realidade dos nossos sentimentos. Criamos um abismo entre o que somos e aquilo que algum ser transcendental idealizou!

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