sábado, 24 de junho de 2017

Emoções Emoticons

Cada vez que conto uma história da época da faculdade, começo com o tradicional: há 16/17 anos ...Ou até mesmo do período anterior, aí podemos avançar para: há 25 anos…

É muito tempo e muita coisa mudou. Os celulares só começaram a fazer parte da minha vida em 2001, logo, passei a adolescência sem. Quando a internet começou, eu fazia cursinho, era um treco demorado, amarrado, mais irritava do que resolvia, mas foi o começo de uma revolução.

Minhas lembranças de infância estão relacionadas à Xuxa, personagens e até mesmo propagandas. Não havia essa diversificação que há de canais e até meios. Nem cuidado com o que se produzia para ser enfiado goela abaixo das crianças: mulheres seminuas, sensualidade ou violência, sem nenhum olhar crítico sendo interiorizado. Era sem controle, literalmente, éramos obrigados a levantar e apertar um botão para trocar de canal ou mexer no volume. Isso quando não era necessário ficar segurando a antena. 

E quando falo dessas coisas, parece que vim de um passado distante. Mas não, foi ali na minha história. Está presente na minha memória fresquinho. Não me sinto uma pessoa de quase 40 anos, ou até me sinto, mas não parece que 20 anos se passaram. Como que esses 20 anos se transformaram em uma noite? Sim, foi ontem. Quantas vezes planejei meu 2001, estamos chegando em 2021. A década de XX tão linda, espontânea e até mesma confusa voltará em outro século. E estou aqui, me sentindo com 20 anos para vive-la intensamente como aquela juventude de Berlim a viveu no pós guerra. Mas não há pós guerra, nem a intensidade daqueles dias. Mas há uma outra coisa mexendo com o presente, as relações. A tecnologia nos permite viver, sentir, comunicar, saber. Conexões. 

No começo deste ano me senti ultrapassada. Não conhecia termos usuais que uso na profissão, também estava com dificuldade de compreender como me mexer com tanta tecnologia e tanta coisa para fazer. Trabalhar com comunicação nos impões que é preciso saber compreender esses meios para planejar as formas de distribuição de conteúdo...básico! Sim, quando comecei eu enviava o Boletim, que não era eletrônico, por fax...ufa, tem gente lendo falando...no meu era telegrafo...só tenho 38 anos! Mas mudou. 

Então busquei uma pós. Nada demais, só precisava ter uma ideia do que estava acontecendo no mercado. Pesquisei, e como boa mulher de 38 anos, precisei encontrar a opção viável...e nem falo de dinheiro (essa é a melhor parte de não ter mais 20 anos), mas tempo e logística, afinal tenho empregos, uma filha, um marido, uma casa, dois gatos, tudo precisava se encaixar. Eis que fui pra uma universidade bem tradicional. E o melhor de tudo é perceber que está todo mundo tão perdido quanto eu. Que alívio. A comunicação está realmente mudando as relações? E o mercado? Como compreender tantas mudanças? desafios? enfrentar estigmas? e como será, se não temos ideia de como é? Ou temos, é tudo igual, só se tem a impressão que tudo mudou?

Uma das coisas que tenho pensado é sobre a falta de novidade, pode ser apenas uma sensação, ou como ouvi muito hoje: tenho esta percepção. Sei tudo que acontece com as pessoas, as viagens, os filhos, a sorte, o azar. Quando encontro na rua, em vez de perguntar como está, tento acrescentar mais alguma informação do vasto repertório desnecessário que já seu dela. Pois muitas vezes até o almoço já me foi apresentado. 

Tem também o mundo paralelo das redes sociais. Nem todo mundo que converso nas redes eu dou oi na rua. Algumas delas simplesmente não reconheço, mas tem muitas que não sei o que dizer. O estranho é que acabei de trocar a maior ideia em algum post com a criatura. Mas como dar oi pra um ser virtual? Tem algumas pessoas que me ignoram também. Não é o tipo de coisa que me incomoda, mas é um novo tipo de relação. Pois nem todos do mundo de cá, servem pro mundo de lá...e vice versa. De qualquer forma, gosto desta novidade, pois construi formas de me relacionar que provavelmente não seria possível no mundo real. 

Essas são questões pessoais, não houve uma pesquisa ou algo do tipo. Até porque esse blog se chama Complô da Alma, é quando ela grita que vem pra fora!


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